Nas últimas semanas viralizou um vídeo na internet que deixou pais e mães ao redor do mundo preocupados. Na gravação, uma figura pálida, de olhos esbugalhados e boca proeminente incita crianças e adolescentes a se suicidarem, se automutilarem e agredirem outras pessoas. Inicialmente, a narrativa era que a “boneca bizarra” estaria aparecendo durante vídeos do aplicativo YouTube Kids.
A história me intrigou e acabei indo atrás dos reais acontecimentos. E eu percebi, na verdade, que as coisas não eram bem assim como estavam sendo alardeadas.
De qualquer forma, o caso já está sendo investigado por autoridades de vários países, inclusive o Ministério Público do Brasil.
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Uma das hipóteses que temos é que o vídeo com a personagem estranha estava sendo compartilhado por aplicativos de mensagem e que a partir daí ele poderia ter chegado ao conhecimento dos menores de idade.
Mesmo com depoimentos de pessoas que dizem categoricamente ter visto o vídeo no YouTube Kids, são pouquíssimas as chances disso ter efetivamente acontecido. A plataforma do Google é bastante controlada e seria quase impossível para um hacker realizar esse acesso e introduzir o registro no meio das produções audiovisuais.
Então, apesar de falsa, esse conto da boneca Momo, que inclusive já foi destruída por seu criador, um artista plástico japonês, acendeu o alerta para que nós, pais e mães, administremos mais de perto o conteúdo consumido por crianças e adolescentes na internet.
Controle parental
Atualmente algum tipo de controle parental está presente em praticamente todas as plataformas digitais que oferecem acesso direto à internet, sejam navegadores, sites ou programas. Por isso, os pais precisam procurar essas opções e configurar esses parâmetros. Abaixo estão algumas dicas sobre isso:
– Google: no buscador mais famoso do mundo é possível configurar o controle parental através do chamado “Safe Search”. Ele bloqueia possíveis resultados maliciosos e de conteúdo adulto nas pesquisas. Além disso, a opção também possibilita bloquear palavras e termos específicos como “sexo” e “violência”, por exemplo.
– Antivírus: outro aliado preponderante são os antivírus. O mercado já possui programas antivírus voltados especificamente para crianças. Esses softwares conseguem, além de proteger contra invasões e vírus, limitar o número de páginas na internet que podem ser acessadas, analisar postagens nas redes sociais e muito mais. Nesse mesmo setor estão os chamados filtros de conteúdos, que servem para limitar as funções de um usuário do computador, incluindo crianças.
– Monitoramento de navegação: outra solução oferecida pela tecnologia são os programas de monitoramento de navegação. Eles conseguem verificar em tempo real o que uma criança está acessando no computador e retransmitir a imagem para outro dispositivo. Eu gosto de lembrar, porém, que esses programas podem incomodar e gerar conflitos com filhos adolescentes. Por causa disso, seu uso é mais recomendado para crianças mais novas.
Outras medidas
Além da tecnologia, a segurança dos menores de idade na internet também depende de fatores sociais. Especialistas do SaferNet Brasil, uma associação privada que combate crimes virtuais, pontuam que a conversa com os nossos filhos é indispensável para que a navegação na rede mundial de computadores seja a mais segura possível.
A entidade, que é uma referência em segurança digital, diz que é preciso abrir diálogo com crianças e adolescentes para que eles saibam que existem perigos muito reais atrás de um monitor. A SaferNet lembra que esse papo pode fazer com que os nossos filhos criem responsabilidade desde cedo e saibam que em caso de qualquer situação de desconforto na rede, eles terão um canal aberto com nós.
A internet é um fenômeno relativamente novo e a sociedade ainda está aprendendo a lidar com ela. Particularmente, apesar de atuar há mais de 15 anos no mercado de tecnologia, ainda sigo aprendendo coisas novas diariamente.
Eu gosto sempre de lembrar, porém, que o fato da internet ser excelente ou péssima só depende do nosso uso. Casos como esse hoax da Momo nos alertam para a questão de que precisamos criar um ambiente seguro para as crianças, já que os conteúdos que elas acessam impactam em todos aspectos da formação delas.
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Eu não sou a favor da censura e do afastamento dos pequenos da tecnologia, já que a modernidade é um caminho sem volta. O que sou a favor é que nós, enquanto adultos, nos responsabilizemos por um ambiente saudável para as crianças.
E não só isso. Precisamos também manter um debate franco com os pequenos para que possamos verificar com mais facilidade todas as suas angústias, caso eles venham a ser expostos a conteúdos impróprios dentro e fora da rede.