Dra. Aline Ruppert
Criado em 13/08/21
A nova realidade que vivemos, com o distanciamento social necessário para o combate ao novo coronavírus, trouxe novos hábitos ou deixou ainda mais evidentes alguns costumes. Se já estávamos acostumados (e em alguns casos dependentes) de smartphones, tablets, TVs e computadores, agora eles viraram uma necessidade, seja para trabalho, lazer, contato com amigos e familiares ou escola. Essa nova rotina reforça um fenômeno já detectado anteriormente com o aumento do uso de computadores e que vem se acentuando: a Síndrome Visual Relacionada a Computadores (SVRC), uma série de sintomas visuais, entre eles cansaço, sensação de corpo estranho nos olhos, ardência, dor, irritação, vermelhidão, ressecamento e embaçamento.
Dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB) estimam que até 90% dos usuários de computador por mais de três horas diárias apresentam algum tipo de sintoma relacionado à SRVC. O problema é que a mesma tecnologia que ajuda a manter o trabalho e os estudos em dia, também pode provocar ou agravar distúrbios oculares. As crianças, que antes tinham em tablets, computadores e smartphones uma fonte de diversão, passaram a utilizar esses aparelhos também para aulas e comunicação com parentes e amigos distantes, aumentando a quantidade de horas diante das telas.
Uma das principais causas desse cansaço visual é o ressecamento ocular, a chamada Síndrome do Olho Seco. Em frente às telas, adultos e crianças piscam menos e isso – associado a outras condições ambientais, oculares e sistêmicas, com o ar condicionado, ventiladores, pouca ingestão de líquidos, uso de determinados medicamentos e o fumo –, pode contribuir para a falta de lubrificação dos olhos e agravar a SVRC.
Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o uso constante de tecnologia está agravando uma condição que já vem sendo considerada pelo organismo uma epidemia globalizada: a miopia. Estimam que, em 2050, cerca de 52% da população mundial terá desenvolvido a doença. E apesar do estudo não ter mostrado ainda um quadro alarmante para o Brasil, ele destaca que a prevalência da miopia e da alta miopia já está avançando aqui no país mais do que a média global mundial. Enquanto no âmbito mundial calcula-se que, entre 2020 e 2050, 49% desenvolverão miopia, aqui projeta-se um aumento de 89% de crescimento, chegando a 12,9 milhões de pessoas.
No Brasil, em 2014, um estudo realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia já mostrava que 21% das crianças entre 9 e 13 anos que utilizavam computador, videogame ou afins por seis horas ininterruptas desenvolveram algum grau de miopia. Não há dúvidas de que atualmente esses números estão exponencialmente maiores. Diversas pesquisas ao longo do último ano, em países como Reino Unido, China e Estados Unidos, têm indicado isso. E as principais causas apontadas têm sido o uso excessivo de eletrônicos e a redução de atividades ao ar livre.
A luz desses aparelhos pode ocasionar danos à visão. Tem-se aventado a hipótese, embora não comprovada, de que o efeito da radiação emitida pela luz azul de TVs, celulares, computadores e tablets pode gerar nas células da retina uma fototoxicidade, uma lesão semelhante à queimadura solar na pele.
Sabendo-se que a maioria dos indivíduos pisca de 10 a 15 vezes por minuto – e que estudos mostram que esta quantidade pode diminuir até 60%, quando a pessoa está em frente a uma tela –, recomendamos que pequenas pausas de 5 a 10 minutos por hora sejam feitas por pais e filhos. Retirar o olhar da tela e focalizar objetos distantes, por cerca de 20 segundos, também ajuda. Além disso, os turnos de 4 horas no computador, smartphone e tablets devem ser interrompidos para pausas maiores. Para evitar ainda mais desconforto visual, sob prescrição médica, é indicado o uso de colírio hidratante de 2 a 4 vezes por dia.
Para cada idade existe uma recomendação do tempo ideal para a utilização dos eletrônicos. O oftalmologista pode orientar os pais quanto a esses limites. Normalmente, recomendamos atividades ao ar livre como forma de evitar ou frear o desenvolvimento da miopia, uma vez que esse problema de refração está relacionado não somente a fatores genéticos, mas também com aspectos ambientais/comportamentais. Na impossibilidade de passeio fora de casa, uma sugestão é intercalar o uso de eletrônicos com outras práticas que não exijam tanto da visão, como um jogo de tabuleiro, atividade doméstica ou hobbies.
Outra dica para minimizar o desconforto e preservar a saúde dos olhos é ajustar as configurações de brilho e contraste das telas. Aliás, o ideal é que elas fiquem à distância mínima de 30 cm da face. Os pais devem se monitorar e também supervisionar crianças e jovens para não aproximarem demais dos olhos os celulares, tablets e computadores. Quando possível, o ideal é projetar a imagem na televisão.
Para quem usa lente de contato e passa horas em frente as telas, é aconselhável deixar as lentes de lado e usar os óculos. Em caso de graus altos, se essa opção não for possível, é importante ter o cuidado redobrado ao lavar as mãos, com água e sabão, antes de colocar ou retirar as lentes de contato, além de higienizar adequadamente, com os produtos indicados, as lentes e o estojo.
O diagnóstico de problemas visuais gerados pela exposição excessiva à tela de eletrônicos é feito em consultas periódicas, uma vez por ano, com um especialista. Ao sinal de qualquer incômodo, o recomendado é realizar uma avaliação com o oftalmologista para indicação do tratamento que proporcione conforto e proteção à luz. É possível encontrar no mercado, inclusive, lentes fotossensíveis que se ajustam à luminosidade do ambiente. Se você e seus filhos não vão ao consultório desde o início da pandemia, está mais do que na hora de um check-up oftalmológico!
Sobre Dra. Aline Ruppert:
Oftalmologista do HCLOE, empresa do Grupo Opty.
Site: https://www.hcloe.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/aline.ruppert
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 13/08/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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