Em cartaz no Sesc Av. Paulista até o dia 29 de maio de 2022, a exposição “Cartas ao Mundo” tem como tema “o desejo de tomada de consciência e mudança”.
A mostra modifica-se diariamente, várias vezes ao dia, e tem uma programação semanal definida, com horário para cada atração, incluindo diferentes montagens do ambiente expositivo, exibições de filmes e performances. Além disso, aos domingos, às 13h, ocorrem cortejos contestadores pela Avenida Paulista.
Ao visitar a exposição-manifesto, o espectador assume outros papéis quando se depara com os três capítulos de uma narrativa cinematográfica que estimula, com realidades e ambientes que ganham vida em uma expografia que se transforma incessantemente, com cenários que se modificam durante a visitação. A mostra quebra as barreiras do que se costuma esperar de uma mostra e se encaminha para uma anti-exposição.
Formas, cores, atos e reflexos conduzem o visitante e são conduzidos por ele. Performances sequenciais, realizadas por uma dezena de artistas, vão preenchendo, assim, os universos dos filmes Asfixia, Mercadoria e O Comum. Assim como a experiência de uma miríade de obras de 80 artistas, reunidas com a contribuição especial de Vitor Garcez, Flora Süssekind, Ailton Krenak e Guilherme Wisnik.
Esse capítulo, intitulado Asfixia, mostra a degradação da cidade, diante dos problemas oriundos das grandes metrópoles – problemas geográficos, sociais e econômicos.
As questões são tratadas a partir de depoimentos, citações, poemas, imagens reais e imagens virtuais. Foram utilizadas a obra e a personalidade de Glauber Rocha como elemento condutor da narrativa. Móveis hospitalares, duas grandes telas, 300 sacos de lixo compõem a expografia.
O capítulo intitulado Mercadoria mostra a transformação dos cidadãos em consumidores, questionando os valores humanos.
A partir da revolução industrial, o desenvolvimento tecnológico viabilizou a fabricação de produtos em larga escala, e consequentemente fez surgir o homem/consumidor.
O mundo fica de ponta cabeça, os móveis hospitalares ocupam o espaço aéreo, as obras de arte são transformadas em mercadorias.
O capítulo três tem como ponto de partida o conceito de Comum de Antônio Negri e Michael Hardt. Uma nova forma de ocupação do Largo do Paissandu é proposta, diante da reflexão visceral de Glauber Rocha.
Um coro de narradores é constituído, dando ênfase a ideia de que a cidade é construída a partir da necessidade e do desejo plural.
O mobiliário hospitalar é substituído por um labirinto de tecido transparente, uma expografia fluida, caixas de papelão se transformam em suportes de obras.
Uma exposição-instalação, como define a curadora, com um tríptico fílmico cravado no coração de São Paulo e uma obra no Largo do Paissandu “que foi, realmente, o ponto inicial desse projeto e de seu esforço de reimaginar um trecho abandonado da cidade – e, nesse microcosmo, visualizar e pensar o país”.
Essa série, cujos capítulos, ou seja, três universos, são vistos em contraste e diálogo mútuo e convidados a um trânsito entre espaço expositivo, e visualização em celulares, sites e TV’s.
Cartas ao Mundo é um projeto intencionalmente expansivo e apresentado em diferentes plataformas, ampliando o diálogo com o público e criando diferentes formas de apreciação. O tríptico pode ser visto na GloboPlay e na plataforma Sesc Digital.
Aos 63 anos, ela dá voz a ações importantes para que este “não!” ganhe corpo, passo inicial para transformação. Assim como na obra de Glauber, em Cartas ao Mundo são evidentes a (r)evolução da linguagem, o diálogo com a atualidade, a quebra de barreiras e a ampliação dos limites, a ligação definitiva entre teoria e prática e o indispensável diálogo entre linguagens artísticas.
Terças
Quartas
Quintas
Sextas
Sábados
Domingos
Exposição "Cartas ao Mundo" no Sesc Av. Paulista
Recomendado: Todas as idades
Quando: Já foi
Horários: Terça a sexta, das 12h às 21h; sábados e domingos, das 10h às 18h30.
Preços: Gratuito