Acesso à cultura ainda é sinal de privilégio em 2024? Pesquisa feita pelo IBGE traz resultado surpreendente

Com a explosão da era digital, muitos argumentam que o acesso à cultura nunca foi tão fácil. No entanto, uma análise mais aprofundada revela diferenças gritantes ao acesso a teatros, museus, cinemas e outras formas de cultura nas 5 regiões do Brasil. 

As barreiras econômicas, geográficas e educacionais muitas vezes limitam o alcance da cultura a determinados status sociais, perpetuando um ciclo de exclusão. O que isso significa sobre nós como sociedade, e sobre o Brasil? 

A falta de acesso a cultura significa muito mais do que “falta de lazer”

A privação cultural não é apenas uma questão de entretenimento; tem ramificações profundas na formação de identidade, na compreensão do mundo e no desenvolvimento humano. Aqueles que enfrentam barreiras no acesso à cultura estão sujeitos a experiências mais limitadas, o que, por sua vez, pode perpetuar desigualdades sociais e econômicas.

Uma pesquisa feita pelo IBGE através do Sistema de Informações e Indicadores Sociais (SIIC) revelou que, em mais de 80% das cidades do Norte, os moradores levam em média mais de 1h para chegar ao museu, teatro ou cinema, enquanto no Rio de Janeiro, na região sudeste o tempo médio de deslocamento até esses locais é de 20 min. 

E mais de 1h ainda pode ser considerado um tempo curto, no Amazonas a distância média para chegar até o cinema mais próximo foi de aproximadamente 23 horas e 20 min, segundo o modelo de cálculo de deslocamento do IBGE. 

No Nordeste o tempo médio para estar nesses mesmos lugares é de 1 hora e 58 minutos no Maranhão, e de 1 hora e 49 minutos no Piauí. 

Podemos ver diferença mais forte ainda quando comparamos as regiões:

Segundo a pesquisa, enquanto 70% da população do Nordeste gasta todo esse tempo para chegar a casas de cultura, somente 1,3% dos moradores do Sul passam por isso. 

Segundo o autor da pesquisa, Leonardo Athias, o cinema foi o maior indicador de seletividade territorial, estando em apenas 9% dos municípios brasileiros, diferente dos museus e teatros que estão distribuídos em respectivamente 29,6% e 23,3% das cidades. 

Em contrapartida, durante o período analisado, 2011 a 2022, o investimento em cultura cresceu consideravelmente, para ser mais exata 73,1% passando de bilhões de reais para 13,6 bilhões. 

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Qual é o resultado dessa discrepância? 

A exposição limitada a diferentes perspectivas culturais pode resultar em uma falta de compreensão e empatia entre grupos sociais diversos. O acesso à cultura não apenas enriquece as vidas individualmente, mas também contribui para uma sociedade mais coesa e compreensiva.

A cultura desempenha um papel fundamental na expansão das oportunidades. A falta de acesso pode limitar o desenvolvimento de habilidades criativas, críticas e analíticas, prejudicando o potencial individual e coletivo.

Enfrentar as desigualdades culturais exige uma abordagem multifacetada. Políticas públicas que visem democratizar o acesso à cultura, iniciativas educacionais inclusivas e parcerias entre setor público e privado podem desempenhar um papel crucial na superação dessas barreiras.

O debate sobre o acesso à cultura como indicativo de privilégio não é apenas uma reflexão sobre a atual situação, mas também uma chamada à ação para criar uma sociedade mais equitativa e culturalmente rica. As soluções para essa questão transcendem o campo cultural, alcançando os pilares fundamentais da justiça social e oportunidade igualitária.

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