Fotos: Reprodução / Divulgação

Dr. Sergio Setsuo Maeda

Criado em 16/07/21

Importante! Leite e derivados devem ser recomendados como fonte de cálcio?

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Recentemente foi publicado o Calcium Map que fez um levantamento mundial acerca da ingestão de cálcio, e o Brasil aparece com dois estudos que apontam que a ingestão média do adulto brasileiro é de 505 mg ao dia (1). Apenas para se ter uma referência, em adultos com mais de 70 anos o ideal é 1.000 a 1.200 mg ao dia. Na faixa etária pediátrica, a ingestão de cálcio recomendada varia conforme idade (Tabela 1).

Tabela 1 – Recomendações da ingestão de cálcio conforme faixa etária (2)

Faixa etária                Necessidades diárias de cálcio (mg)
0-6 meses                200
6-12 meses                260
1-3 anos                700
4-8 anos                1.000
9-13 anos                1.300
14-18 anos                1.300
19-30 anos                1.000
14-18 anos gestante ou lactante                1.300
>19 anos gestante ou lactante                1.000

 

O cálcio está presente em diversos alimentos. Porém nos alimentos de origem vegetal (brócolis, espinafre), devido à presença de fibras, fitatos e oxalatos, há menor disponibilidade e absorção de cálcio. O consumo exagerado de proteína animal também pode prejudicar a absorção de cálcio, assim como o ferro suplementar (3).

Desta maneira, as fontes preferenciais são os lacticínios (queijos, iogurtes e leite) (Tabela 2). Vale ressaltar que o cálcio é necessário não apenas para os ossos, mas para vários processos metabólicos importantes como contração muscular e cardíaca, transmissão de sinais nervosos, secreção de substâncias, coagulação, entre outros. Se há restrição na ingestão de cálcio na dieta, o corpo começa a retirar do osso, que é o principal reservatório e isto provoca perda óssea ou prejuízo na aquisição de massa óssea. 

Tabela 2 – Quantidade de cálcio em laticínios (3)

Alimento                Quantidade de cálcio
Leite de vaca                100 ml tem cerca de 100-120 g
Fatia de queijo de 20 g                Cerca de 140 mg
Iogurte de frutas                1 pote tem cerca de 70-100 g
Iogurte natural                1 pote tem cerca de 230-250 g

 

A ingestão de fontes dietéticas de cálcio é importante durante toda a vida, mas principalmente em momentos críticos como a infância e adolescência (quando o esqueleto está em desenvolvimento), a lactação (se a mãe faz restrição, há perda óssea importante e até com risco de fraturas) e naqueles com osteoporose (é base para o tratamento e a melhor eficácia dos medicamentos anti-osteoporose). 

As crianças e adolescentes estão em crescimento e a incorporação de cálcio no esqueleto é fundamental para a consolidação do patrimônio ósseo que será importante durante toda a vida e, principalmente, durante o envelhecimento, onde aqueles que tiveram menor pico de massa óssea podem desenvolver osteoporose e fraturas. 

Infelizmente circulam em mídias leigas informações sem fundamentação científica sólida, que não recomendam ingestão de leite sob alegação de que este alimento seja fonte de alergias ou má digestão. O leite contém facilitadores da absorção de cálcio, como a lactose e os caseinofosfopeptídeos. Tem importância também na absorção de cálcio, a presença de quantidades adequadas de vitamina D, cujas necessidades variam conforme a faixa etária (Tabela 3). É importante ressaltar que uma revisão sistemática recente apontou que o maior consumo de lacticínios diminui o risco de fraturas vertebrais e tem efeitos positivos na massa óssea.

Tabela 3 – Necessidades diárias de vitamina D3 na infância e adolescência (2)

Faixa etária

               Unidades de vitamina D3 recomendadas

1-12 meses                400
1-18 anos                600
14-18 anos gestante ou lactante                600
>19 anos gestante ou lactante                600

 

Dietas restritivas só devem ser recomendadas a crianças em casos muito específicos como por exemplo, doença celíaca (alergia ao glúten). Para quem tem intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca (APLV) também fica difícil ter a quantidade mínima necessária. Nestas situações é necessária a suplementação com sais de cálcio.

 

Referências:

  1. Balk EM, Adam GP, Langberg VN, Earley A, Clark P, Ebeling PR, Mithal A, Rizzoli R, Zerbini CAF, Pierroz DD, Dawson-Hughes B; International Osteoporosis Foundation Calcium Steering Committee. Global dietary calcium intake among adults: a systematic review. Osteoporos Int. 2017 Dec;28(12):3315-3324. 
  2. Institute of Medicine – IOM. Dietary reference intakes for calcium and vitamin D. 2010 [acesso em 9 jun 2021]. Disponível em: https://www.nap.edu/resource/13050/Vitamin-D-and-Calcium-2010-Report-Brief.pdf?utm_source=blogspcriancas
  3. Buzinaro EF, Almeida RN, Mazeto GM. Biodisponibilidade do cálcio dietético [Bioavailability of dietary calcium]. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2006 Oct;50(5):852-61. Portuguese. 

Sobre Dr. Sergio Setsuo Maeda:

Endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

Instagram: https://www.instagram.com/drsergiomaeda

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