Exposição no Itaú Cultural sobre Santos-Dumont exibe aeronave Demoiselle em tamanho original

Todo mundo conhece Santos-Dumont como o pai da aviação, não é mesmo? Mas poucos sabem que ele foi também esportista, designer, empreendedor, personagem de referência em seu tempo, leitor voraz, inventor diversificado e tinha um jeito tenaz e conturbado. É exatamente para mostrar as outras facetas de Santos-Dumont – que o Itaú Cultural promove até 29 de janeiro de 2017 a “Mostra Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú”.

Se tem gente em casa que curte avião… Olha que bacana: a exposição conta até com uma réplica da aeronave Demoiselle, considerada a obra-prima de Alberto Santos-Dumont, e pode ser conferida no Piso 2. Já na Sala Multiuso do instituto estão expostos cerca de 600 peças da Coleção Brasiliana Itaú e curadoria da jornalista Luciana Garbin e do Itaú Cultural, são itens que revelam a personalidade de Dumont encoberta pela repercussão de sua mais famosa criação, o aeroplano 14 Bis, que completa agora 110 anos do primeiro voo. A linha curatorial se sustenta em pilares que marcam a sua trajetória tratados hoje em dia como inovação, ciência e empreendedorismo.

Outras invenções

Você sabia que Santos-Dumont foi responsável por outras  criações até hoje pouco conhecidas do público?  Como o Conversor (ou transformador) Marciano, que servia para ajudar esquiadores a subir. O nome vem de sua ideia de reproduzir a gravidade de Marte e reduzir o peso. Ele também criou um dispositivo para corrida de galgos, ou o Canhão Paradoxal, uma espécie de catapulta para lançar boias salva-vidas para banhistas que estivessem em perigo no mar. Entre as dezenas de fotos exibidas na exposição, duas são do criador testando o Canhão em uma praia. Essas imagens, como outras com sua aeronave, também haviam sido transformadas em cartões postais, um dos modismos daquela época, ao qual o próprio Dumont aderiu com fervor e cuja coleção é ali apresentada. Dumont também uma personalidade influente na sua época a ponto de criar tendências no modo de vestir e usar o chapéu, uma de suas marcas registradas.

História

Nascido em 20 de julho de 1873 no Sítio Cabangu, localizado em Palmira (MG), na Serra da Mantiqueira. Em 1879, foi viver com a família em Ribeirão Preto (SP), onde o pai tornou-se “rei do café” e ele mesmo começou a descobrir a mecânica nas máquinas rurais. Adulto, foi uma celebridade na França em uma época em que o país ditava a moda mundial e a Belle Époque imprimia novos modos de viver e pensar baseada no otimismo e progresso científico. Em 1932, ele morreu, triste, deprimido e sozinho, em um hotel no Guarujá.

Exposição e acessibilidade

Ao entrar na mostra, o visitante encontra uma porta de hangar, onde faz o check in, responde a três perguntas sobre seus conhecimentos a respeito de Santos-Dumont e recebe uma espécie de cartão de embarque, com uma gravura extraída de um antigo jornal com o retrato dele. O “viajante” pode levar o bilhete para casa, que também tem impressão em braile.

Ao entrar no espaço, o público encontra documentos, objetos e imagens conservadas por ele próprio e herdadas por membros de sua família. A exposição resgata ainda fotografias históricas de época. São registros de voos dos balões e aeroplanos, retratos pessoais dele tirados pelos maiores fotógrafos em várias partes do mundo e nas tiragens originais guardadas no arquivo pessoal do homenageado.

Até mesmo a vida financeira de seu pai está revelada na mostra. O público tem contato com plantas e documentos que relatam a doação de suas duas casas favoritas: a fazenda de Cabangú e a Villa Encantada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Alguns objetos pessoais completam o acervo, como um binóculo, uma luneta e outros instrumentos científicos usados por Santos-Dumont.