Cuidado com o “fogo invisível”! Álcool gel tem feito cada vez mais vítimas durante a pandemia; entenda

O álcool gel tem salvado vidas, não é mesmo?! Mas também é preciso ter cuidado, pois tem havido um aumento significativo da incidência de queimaduras decorrentes desse produto, que tem sido amplamente utilizado na higienização de mãos e superfícies durante a pandemia do COVID-19.

As principais dicas da área vêm da própria Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Também é preciso lembrar que as lesões por queimaduras podem provocar vários problemas, indo desde sequelas estéticas e funcionais, passando por impactos na dimensão emocional das vítimas, até consequências que incluem tratamentos mais demorados ou mesmo transplante de pele. Além disso, em casos mais dramáticos há risco de óbito.

Então, todo cuidado ainda é pouco. É o momento de nos unirmos para ajudar os pais a identificar potenciais ameaças no ambiente doméstico. Além disso, é importante esclarecer quais as medidas de prevenção e socorro que se deve tomar em casos de acidente.

Segundo a Agência Brasil, um dos maiores problemas da queimação por álcool gel é que ela não faz chamas visíveis, de modo que pode começar a queimar e se alastrar rapidamente antes mesmo de ser percebida pelas vítimas. É o que as autoridades estão chamando de “fogo invisível”.

O aumento na incidência de casos tem sido percebido desde março!

Dicas de segurança da SBQ

Em geral, as peculiaridades das queimaduras em crianças estão associadas ao fato de elas serem naturalmente mais curiosas e interessadas em explorar o ambiente. E, justamente por não reconhecerem os riscos com clareza, é fundamental a orientação e supervisão constante de um adulto responsável.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, a maioria dos acidentes envolvendo crianças até o final da idade escolar ocorre em sua própria residência, e embora a cozinha fosse o local onde mais frequentemente acontecessem as queimaduras, hoje o álcool gel também representa um grande risco.

Para evitar essas intercorrências, que são conhecidas como queimaduras térmicas, recomendam-se as seguintes medidas:

• Permanecer em casa e treinar com as crianças a lavagem correta de mãos com água e sabão, reservando o uso do álcool gel apenas para a necessidade absoluta de ter que ir à rua;
• Evitar usar álcool para limpeza doméstica habitual. Há produtos que o substituem, como o hipoclorito de sódio, que é um desinfetante de superfície eficaz também contra o coronavírus;
• Manter o álcool gel fora da visão e do alcance. Ele deve ser trancado em local seguro;
• Além disso, é aconselhável nunca transferir produtos tóxicos para embalagens atrativas, como garrafas de refrigerante (mantenha sempre as embalagens originais).

Dicas de segurança da ANVISA

Já a ANVISA faz os seguintes alertas quanto ao uso de antissépticos alcoólicos, especialmente em gel:

• Eles não devem ser utilizado em crianças menores de dois meses;
• As crianças menores e algumas PCDs devem ser supervisionadas durante o uso;
• É totalmente contraindicada sua aplicação na orelha, boca, nariz ou outras mucosas do corpo, como também nos olhos, narinas, ouvidos ou partes íntimas;
• Em caso de contato com qualquer uma dessas partes, é indicado lavar abundantemente a região com água por 15 minutos;
• Em casos mais graves de irritação, é indicado buscar ajuda médica o mais rápido possível.

Inclusive, isso faz lembrar que, além de queimaduras e intoxicações, o uso inadequado ou indiscriminado de álcool por crianças pode levar ao aparecimento de dermatites nas mãos.

Por essa razão, é importante que os pais estejam atentos ao aparecimento de fissuras, queimação e ressecamento, pois sinalizam a presença de uma dermatite atópica e da necessidade de cuidados especializados.

O que fazer em caso de acidente?

Também é preciso desmistificar errôneas práticas de primeiros socorros disseminadas pelo senso comum, como o uso de pó de café, clara de ovo ou pasta de dente nas queimaduras.

No caso de um acidente, a primeira medida que deve ser tomada é colocar a pessoa debaixo de água corrente fria, preferencialmente filtrada. Isso pode reduzir muito o grau da queimadura. Mas cuidado: não se deve colocar gelo, pois isso pode intensificar a queimadura.

Em seguida, assim que lavada a ferida, caso ela não seja tão grave, o essencial é extrair os resíduos de álcool e peças de roupa que também tenham sido atingidas. Em casos mais graves, como o de tecido grudar na pele, é urgente procurar ajuda médica.

Também nos casos em que apareçam bolhas é altamente recomendável procurar atendimento médico imediatamente.

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