O crescimento do consumo de suplementos no Brasil levantou uma dúvida entre pais: crianças podem usar whey protein ou creatina?
Com o setor movimentando R$ 6,4 bilhões em 2023 e previsão de chegar a R$ 10,8 bilhões até 2028, segundo a Abiad, o tema ganhou relevância diante da popularização desses produtos no ambiente doméstico. Dados da Conversion News mostram 471 mil buscas mensais por whey protein e 918 mil por creatina, com pico em 2025.
A nutróloga Dra. Juliana Couto Guimarães, da Afya Educação Médica de Montes Claros, afirma que o whey protein pode ser indicado para crianças e adolescentes em situações específicas, como seletividade alimentar, baixo peso ou dificuldade de atingir a ingestão proteica adequada. A indicação exige cálculo individualizado baseado em peso, idade e gasto energético, sempre com acompanhamento profissional.
Segundo o posicionamento da International Society of Sports Nutrition (ISSN), a creatina é considerada segura somente para adolescentes a partir de 16 anos.
Em crianças menores, o uso deve ser restrito a condições clínicas como miopatias, doenças neuromusculares e distúrbios metabólicos. Para prática esportiva recreativa, a substância não é recomendada.
Levantamento da Growth Supplements mostra que o Brasil é o 4º maior consumidor de whey no mundo. Distrito Federal, Minas Gerais e Espírito Santo concentram as buscas pela proteína, enquanto a creatina lidera acessos no Nordeste, especialmente em Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Alagoas e Ceará.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelece diretrizes para ingestão proteica infantil. Crianças de 4 a 8 anos devem consumir ao menos 2,85 g diários; de 9 a 18 anos, 7,8 g.
A especialista lista cinco riscos associados ao uso inadequado de suplementos entre crianças e adolescentes:
Sobrecarga renal: excesso de proteína pode elevar ureia e creatinina;
Desbalanço nutricional: substituição de refeições reduz ingestão de ferro, cálcio, fibras, vitaminas e calorias;
Problemas gastrointestinais: whey concentrado pode causar dor abdominal, gases e diarreia;
Ganho de peso indesejado: combinações hipercalóricas levam ao aumento de gordura corporal;
Produtos adulterados: suplementos irregulares podem conter estimulantes e substâncias proibidas.