COVID 19: Creches não contribuem para o aumento de casos da doença

Um estudo inédito da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, concluiu que não há um risco maior dos profissionais que trabalham em creches serem contaminados pelo coronavírus devido ao contato com as crianças. O estudo foi divulgado no começo de outubro pelo jornal norte-americano Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, e ainda não está na sua versão final.

Durante o estudo foram feitas comparações entre os profissionais que trabalham em creches e tiveram contato diariamente com as crianças e as pessoas que permaneceram em isolamento. No total, mais de 57 mil cuidadores dos Estados Unidos foram acompanhados pelos pesquisadores, que concluíram não haver nenhuma relação entre ir trabalhar em uma creche e a transmissão da Covid-19, desde que sejam respeitados os protocolos de higiene adequados.

Entre os principais cuidados que foram adotados por essas creches estão a higienização frequente das mãos, a limpeza diária das superfícies e equipamentos nos ambientes internos, a avaliação de sintomas e o distanciamento social.

“Este é um achado importante principalmente porque se tem um grupo de pessoas na creche com maior probabilidade de evidenciar os efeitos da Covid-19, é o dos adultos”, afirmou Walter Gilliam, autor do estudo e diretor do Centro em Desenvolvimento Infantil Edward Zigles.

No entanto, por mais animador que seja o estudo, os pesquisadores alertam que isso não significa que as escolas e creches devem voltar a funcionar, pois é preciso levar em consideração o contexto no qual a escola está inserida, como por exemplo os dados de transmissão comunitária.

Outro fator muito importante é que as creches geralmente trabalham com grupos pequenos de crianças que passam o dia inteiro juntas, portanto o mesmo critério não pode ser levado em consideração para escolas que possuem uma quantidade muito grande de alunos que se deslocam com frequência de uma sala a outra.

“Este estudo mostra que, para abrir de forma segura, os cuidadores terão que colocar em prática estratégias de prevenção e mitigação que custam caro”, afirma Lynette Fraga, CEO do Consciência do Cuidado Infantil da América, em entrevista à Parents. “E, às vezes, pode não ser seguro a creche reabrir se os índices de transmissão da comunidade estiverem altos”, acrescentou ela.