Por Priscilla Negrão
Criado em 10/06/21
Fotos: Reprodução / Divulgação
Se tinha uma coisa que eu amava no Playcenter era o evento “Noites do Terror”. O que, tenho que confessar, é uma baita contradição, considerando que eu morro de medo de filmes e personagens de terror. Medo é pouco. Tenho pânico mesmo. Não tenho maturidade nenhuma para Chuckys, Freddys, Anabelles.
Até filme de suspense eu tenho dificuldade para ver, quando assisti “O Sexto Sentido” demorou meses para conseguir olhar embaixo da cama sozinha. Patético, não é?
Veja, eu sou durona, não tenho medo de me arriscar, encaro tudo. Vou nas maiores e mais rápidas montanhas-russas, quanto mais looping e emoção, melhor. Despencando da torre que for, adoro esse frio na barriga. Mas, quando se trata de filmes de terror, eu viro uma banana. Tenho medo até dos mais bobinhos, como “Todo Mundo em Pânico” ou dos Gremlins, que nem de terror é.
O máximo que eu consegui assistir na vida foi o primeiro filme do Chucky, o Brinquedo Assassino, o que resultou em pesadelos, noites insones e a doação do meu pobre boneco Cascatinha (quem teve? Ele era a cara do Chuck, não era?) para uma mocinha bem mais corajosa que eu.
Medrosa assumida, quem poderia acreditar que eu era frequentadora assídua das “Noites do Terror” do Playcenter? Pois é. Fui pela primeira vez em 1992, na histórica edição “Labirinto do Espanto”. A partir dali, todo ano eu jurava que não ia mais…. e no ano seguinte lá estava eu. Ainda bem, pois foram noites que renderam muitas aventuras memoráveis ao longo de mais de 15 anos – mas nem sempre cheirosas, como vocês saberão a seguir – e algumas das melhores lembranças que tenho da juventude.
Teve de tudo um pouco. Já ajoelhei na frente de zumbi, já saí correndo e no desespero tropecei, caí e quebrei um braço – isso quando eu não caía em cima de outras pessoas, coitados, pois tropeçar e cair sempre foi uma especialidade da casa, obrigada, de nada.
Cheguei a roubar o pacote de pipoca de uma moça e dar pro monstro, e uma vez me tranquei no banheiro até acabar o evento porque tinha um Freddy muito feio lá fora. Teve uma vez que derrubei uma lanterna nas águas do Splash, outra que fiquei super corajosa e empurrei o pobre do ator no chão para sair correndo e me “salvar”. Doida, eu sei.
Mas, a lembrança mais engraçada desses meus quase 15 anos de Noites do Terror do Playcenter foi quando me escondi dos monstros em uma lixeira. Oi? Pois é.
Pontes, túneis, becos e labirintos eram frequentes nas Noites do Terror – e eram o máximo! Nesse dia, eu e meus amigos tentávamos ir para o outro lado do parque, e para isso precisávamos atravessar um túnel longo que conectava duas áreas do Playcenter naquela noite de agosto.
A cenografia do túnel estava caprichada, com algo que parecia um musgo que saía do teto e se estendia até o chão, de uma maneira tão densa que sequer era possível ver luz do outro lado. Pelos gritos, sabíamos que tinham alguns personagens dentro do túnel, mas depois de escutar os gritos por um tempinho na entrada, não me pareceu perigoso.
Era só respirar fundo e atravessar. Né? O problema é que os “monstros”, ou seja, os atores, estavam realmente empenhados em seus papéis, e claro, percebiam quem era alvo fácil, como eu.
Então, assim que adentramos o túnel, os personagens nos abordaram e meu grupo, que se dizia tão corajoso, se dispersou. Contudo, enquanto todos correram para a frente, na direção da saída do túnel, eu andei para trás, voltando para a entrada, enquanto vampiros, zumbis e monstros caminhavam em minha direção, com os olhos fixos, e eu tive certeza absoluta de que aquele era meu último momento de vida na terra.
Acelerei o passo e quanto mais rápido eu andava para trás, mais eles se aproximavam, e então, no desespero, saí correndo do túnel, em busca de um esconderijo. Foi quando eu vi minha salvação: uma lixeira.
Lembrei que nas primeiras edições das Noites do Terror alguns personagens ficavam escondidos dentro delas para pregar sustos, então imaginei que aquela seria cenográfica como das outras vezes e que, quem sabe, estivesse vazia.
As lixeiras do Playcenter eram grandes, com base ampla e boca larga, era muito fácil de entrar. Mas, infelizmente, ela não era apenas uma lixeira cenográfica. Quando escorreguei para dentro, fiquei toda melada, a lixeira estava muito fedida e bem cheia e suja, me lembro até hoje da sensação de ânsia que deu.
Mas o medo foi maior que o nojo e eu aguentei firme lá dentro, só espiando pelo buraco. O problema é que, quando tudo acalmou e eu resolvi sair para buscar meus amigos, descobri que não sairia da lixeira com a facilidade que entrei. Foi um escorrega aqui, um desliza acolá, e nada de sair.
Coloquei o rosto para fora da lixeira e fiquei chamando as pessoas, e as poucas que consegui contato não me ajudavam e até se assustavam, achando que eu fazia parte da encenação. Então coloquei os braços para fora e sacudi o máximo que pude. Afinal, vergonha eu já estava passando, só me faltava mesmo era a humilhação, então fui em busca dela com toda minha determinação.
Deu certo. Consegui chamar a atenção de um grupo de visitantes que, após rirem e fotografarem (eu nunca vi a foto! Se vocês estiverem lendo isso, me mandem por favor!) , fizeram a gentileza de chamar um funcionário para me resgatar.
E o resto da noite vocês podem imaginar, ninguém quis sentar do meu lado na volta pra casa, já que eu estava com um perfume pra lá de especial.
E teve uma outra vez que… xi, se deixar isso aqui vai longe! Eu acho uma delícia lembrar das Noites do Terror do Playcenter e de tudo que vivi lá. O parque faz parte da minha história, marcou minha infância e juventude e algumas das minhas melhores e mais divertidas lembranças eu vivi lá. Agora é sua vez, conta pra mim qual foi sua aventura mais divertida nas Noites do Terror?
Cadastre-se para ficar por dentro das novidades!
Cadastre-se para ficar por dentro das novidades!
Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 10/06/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
® São Paulo para Crianças e Meu Passeio são marcas registradas. Todos os direitos reservados. - desenvolvido por Ideia74