Por Priscilla Negrão

Criado em 15/06/20

Fotos: Reprodução / Divulgação

Meus filhos podem jogar Fortnite? Qual o perigo dos jogos de videogame online e multiplayer para crianças?

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Pókemon Go já era? A febre do momento se chama Fortnite! Você está na dúvida e não sabe se deixa suas crianças entrarem na onda? Será que seu filho ou filha pode jogar Fortnite? Será que o jogo Fortnite é perigoso para crianças? Será que crianças podem jogar Fortnite? Por aqui já estamos totalmente na onda de Fortnite e meu filho aguardou a estreia da nova temporada tão ansioso quanto quem espera o Superbowl ou a final do Brasileirão.

Mas se você está na dúvida e não sabe se deixa ou não a turminha entrar para o universo gamer – seja de Fortnite, League of Legends ou outros jogos, resolvi escrever esse post de maneira bem didática, falando de mãe pra mãe/pais, com a propriedade de quem é gamer há mais de 30 anos.

Preparei o guia abaixo com perguntas e respostas que vão ajudar os pais a lidarem com o Fortnite e outros games de forma segura, aproveitando o lado bom da tecnologia junto a seus filhos. Afinal, para que você possa avaliar e decidir, o melhor jeito é se informar, conhecer melhor o jogo e entender como adequar o uso do game na sua casa.

Por isso, fica aqui minha dica: deixe o medo e o preconceito de lado e aproveite para se aventurar em um mundo novo com seus filhos. O videogame, como qualquer tecnologia, pode ser um grande aliado do desenvolvimento infantil (e dos adultos! olha aqui!) e do relacionamento familiar, se usado da maneira correta.

Tire suas dúvidas e prepare-se pra saltar de paraquedas no jogo do momento!


O que é Fortnite?

É um jogo de videogame – como os que você e eu jogávamos na infância – de Pac-Man, River Raid a Sonic, Mario Bros. e Alex Kidd  (sdds Master System 1!). A grande diferença dos jogos da nova geração não é apenas a qualidade gráfica e a jogabilidade, mas sim a interação. Fortnite é um jogo de que possui modo “multiplayer”, ou seja, que permite a entrada de muitos jogadores ao mesmo tempo, de forma online, o que exige atenção dos pais. Ele é multiplataforma  – pode ser jogado no smartphone, no computador ou nos consoles Xbox One e PlayStation4.


Qual o objetivo do jogo?

O objetivo é matar todo mundo ao seu redor e sobreviver, mais ou menos como no filme “Jogos Vorazes”. Mas calma, o jogo tem uma complexidade que só quem já viu os filhos e filhas jogando pode comprovar: ele faz com que as crianças exercitem questões morais, trabalho em equipe e colaboração de um jeito muito interessante.

Quando jogam em times as crianças podem compartilhar armas, remédios e estratégias para sobreviver ao desafio juntos. É um mundo virtual no qual eles exercitam habilidades essenciais para o mundo real: planejar e replanejar, tomar decisões rápidas, analisar cenários com poucos dados, assumir riscos, se organizar, gestão de conflitos em grupo, responsabilidades compartilhadas, definição de metas e p, papéis, gerenciamento de tempo, atenção e a concentração e o melhor, a solidariedade – pois quando um amigo está ferido e diz aos gritos “Preciso de um kit médico” e meu filho responde “Eu vou te salvar” eu até me emociono.

As crianças riem, gritam, brigam, ficam felizes quando vencem ou cumprem os desafios do jogo e ganham novas roupinhas (skins) e dancinhas (emotes), e ficam frustrados quando tudo dá errado. E mais: exercitam a moral, pois precisam respeitar regras, ser honestos e não trapacear.


Como funciona o Fortnite?

O jogo pode ser jogado de duas formas – sozinho, no modo Save the World, uma versão um pouco mais assustadora e violenta, e o modo Battle Royale, que pode ser jogado individualmente, em duplas ou times de duas ou quatro pessoas.

Em ambos os modos, os jogadores podem usar uma picareta para derrubar casas e estruturas existentes no mapa para coletar recursos básicos, como madeira, tijolo e metal, para construir fortificações, como paredes, pisos e escadas (lembra Minecraft?), e essas peças podem ser editadas para adicionar coisas como janelas ou portas. Dentro de Save the World, isso permite que os jogadores criem fortificações defensivas em torno de um objetivo ou túneis cheios de armadilhas para atrair os zumbis. Em Battle Royale, isso fornece os meios para atravessar rapidamente o mapa, proteger-se de uma ofensiva inimiga ou atrasar um inimigo em avanço.

A versão mais curtida pela garotada é a Battle Royale multiplayer. Primeiro é formado um grupo de 100 jogadores (que não se conhecem, eles entram online e os grupos são formados de forma aleatória, podem ser individuais, amigos, duplas, quartetos, até formar o grupo). Essas cem pessoas entram em um “ônibus de batalha” sustentado por um balão e eles pulam de paraquedas numa ilha.

Quando pousam no mapa devem procurar por armas, itens e recursos, tentando atacar outros jogadores e evitando serem mortos pelos oponentes, como se fosse um jogo de “pega pega”online com armas. O último jogador ou time vivo é o vencedor.

Além disso, para forçar os competidores a saírem de sua zona de conforto, não ficarem escondidos e lutarem, ao longo da partida a área do mapa vai diminuindo de tamanho devido a uma tempestade que se aproxima. O jogador que ficar na área da tempestade pode se prejudicar e morrer, o que força todos a irem para o centro e se encontrarem, aumentando o conflito.


O jogo é violento?

Bom, o objetivo é matar todo mundo ao seu redor e sobreviver, mais ou menos como no filme “Jogos Vorazes”, então sim, é violento. Contudo, o gráfico é estilizado como desenho animado, os elementos gráficos não trazem muito realismo. Mas há conceitos que devem ser avaliados quando se trata de crianças, como violência, agressividade, morte, armas. Pra você avaliar se você considera isso violento demais ou não, o melhor é ver o jogo ao vivo. No youtube ou no Twitch você encontra vários vídeos de partidas de Fortnite. Dá uma espiada lá para avaliar.

Aqui em casa eu ainda não deixei meu filho de nove anos ver nenhum filme da Marvel por conta da violência. Mas deixei ver os filmes do Harry Potter recentemente – apesar de achar os últimos três mais tenebrosos. Eu não gosto da ideia de ter como objetivo matar todo mundo num game, mas quando penso nos games que eu jogava quando criança, Mortal Kombat e Street Fighter não são exemplos de paz e apesar de ter jogado muito  (era expert na Chun li) eu nunca arranjei uma briga por aí. Grand Theft Auto também não era exemplo de cidadania, já que nosso bonequinho era o bandido e assaltava, roubava carros, etc. Nem vou citar Quake ou Counter Strike (Pois é, começei no Atari e acabei na Lan House!)

Cabe a cada família avaliar e também supervisionar as reações da criança e ver como ela reage ao jogo. Mas, acho que ajuda saber que apesar da polêmica em torno do assunto, a maioria dos especialistas e dos estudos científicos (aqui tem um bem legal) revela que o uso de videogames violentos não influencia o comportamento das pessoas e pode até ajudar a construir a boa moral (olha esse estudo aqui!). Mas é mais fácil proibir um jogo do que qualquer política de acesso a armas de fogo, certo? Daí a polêmica.

Assim como filmes, novelas e livros, os videogames são conteúdos consumidos por todos os níveis sociais, idades e culturas. Muitos estudos buscam entender o impacto desses conteúdos no desenvolvimento infantil, mas as conclusões são, na prática, o que a gente já sabia – eles não são um perigo para a formação da nossa personalidade – o que faz diferença é amor, carinho, base familiar e o ambiente – crianças que vivem em ambientes agressivos e sofrem agressões tendem a ser mais violentas. Mas paramos por aqui pois isso é tema para outro post!!


As famosas dancinhas e customização do avatar 

Pode parecer estranho um jogo cujo objetivo é matar os outros, ser famoso por dancinhas. Mas sim, as dancinhas e o lado musical do Fortnite são um dos principais atrativos do jogo para a criançada. As dancinhas são usadas pelos jogadores para fazer comemorações e são inspiradas em filmes e vídeos da internet. Viram memes e extrapolam as telas dos games e vão para as redes sociais e televisão. Já teve até show oficial do DJ Marshmello em um evento dentro do jogo, onde os players puderam dançar as músicas do DJ.

Outro aspecto interessante do jogo é a de respeito à personalidade de cada um. Essa tendência social do mundo gamer – que vem desde os mais antigos RPGs, passando por jogos como “The Sims”, é muito mais forte na atual geração. Por isso que customizar o personagem, ou seja, colocar as roupinhas, mudar o cabelo, a cor da pele, dos olhos e expressar com a moda, o estilo e a claro, a dança, sua personalidade. Isso fez com que as crianças se conectassem mais ainda com o jogo, pois conseguem expressar sua personalidade de maneira digital.


O Fortnite é gratuito ou pago? Como jogar?

O jogo é gratuito em todas as plataformas, é possível jogar sem gastar nada, mas dentro do jogo eles oferecem compras, mas não é necessário comprar nada para jogar indefinidamente. O modo Save the World exige acesso antecipado e precisa pagar para jogar.

Para jogar Fortnite Battle Royale é preciso instalar em um dispositivo (celulares, computadores, videogames) e fazer o cadastro para começar a jogar. O jogador recebe um avatar padrão (menino ou menina) e já pode começar a participar de todos os modos de batalhas. Contudo, para ampliar a experiência de jogo e ter acesso a novos desafios, é precisa comprar um “Passe de batalha”, que dá acesso a mais avatares (bonecos) , customização das roupas e acessórios do seu personagem no jogo, mais fases, desafios, melhora experiências e nível do jogador, progressão gradual de recompensas, etc.

O Passe de batalha Battle Royale é comprado com “V-Bucks”, a moeda do mundo Fortnite. Para se ter ideia, hoje você paga R$31 por mil V-Bucks, assim o passe de batalha custa hoje cerca de R$30 e dura uma temporada do jogo, cerca de 3 ou 4 meses. Além disso, os jogadores podem comprar itens no jogo, como roupas e personagens.

Sobre os riscos, na configuração do perfil atrelamos ao nosso, para controlar as compras, e aproveitamos o jogo para ensinar o valor do dinheiro, a economizar para comprar o que quer – nem que seja uma roupa nova para o boneco. Tem funcionando. Ele economizou e garantiu o passe de batalha da nova temporada. E ainda aprende câmbio, já que no mundo do Fortnite a “moeda” é diferente do nosso Real.


Qual o risco que o Fortnite oferece para crianças?

O maior risco do Fortnite, a meu ver, assim como qualquer outro jogo multiplayer aberto e online, como o League of Legends (LOL , outro hit do momento entre as crianças e adolescentes gamers) é o fato de os jogadores poderem conversar em chats abertos. A primeira vez que jogamos isso me assustou, porque podemos ouvir pessoas de vários lugares do mundo falando.

Essa interação é realmente muito insegura, nunca sabemos quem pode estar do outro lado do game (e eu como mãe, já penso no pior cenário, né?), podem ser pessoas com más intenções – e os microfones ficam abertos durante o jogo, o que faz com que todo o som ambiente onde o jogador está seja ouvido pelos demais jogadores.

Mas isso é fácil de lidar: verifique as configurações de comunicação on-line no jogo para garantir que as crianças não estejam conversando com estranhos. É só bloquear nas configurações o uso do chat online e usar outros recursos paralelos para comunicação.

Aqui em casa, bloqueamos o chat e adicionamos apenas os amigos reais, como os da escola, os vizinhos, primos, etc. Para não usar o chat do jogo, as próprias crianças trouxeram a solução: eles criaram um chat paralelo (use o de sua preferência, como Zoom, Facebook Messenger Kids, Google Hangout) no qual conseguimos controlar quem está no grupo. Assim meu filho joga Fortnite pelo console do videogame e se comunica com os amigos pelo tablet no chat do google Hangout.


O Fortnite pode viciar?

Todo tecnologia pode ajudar ou prejudicar. Tudo depende do uso que damos e a forma como lidamos. Cabe aos adultos ensinar as crianças a lidarem e controlarem o tempo que dedicam ao jogo. No caso de Fortnite, o ciclo do jogo até facilita a  vida dos pais. Isso porque as partidas duram 20 minutos cada uma, o que facilita a negociação do tempo dedicado ao jogo. Além disso, se não for possível controlar o tempo conversando, há muitos aplicativos que podem ser instalados para monitorar o tempo de uso dos eletrônicos, e os próprios consoles de  videogame possuems sistemas para limitar o tempo de uso, com autodesligamento.

O importante é fazer acordos e controlar o tempo de uso, assim como não é saudável andar o dia todo de bicicleta ou jogar futebol por horas a fio, também não é bom jogar viodeogame o dia todo. Tudo tem dose certa, então os pais devem conversar com os filhos e determinar essa agenda e por quanto tempo a criança pode jogar, fazendo um acordo da família. Em geral, a recomendação dos pediatras e especialistas é de no máximo duas horas de videogame por dia.

Por exemplo, aqui em casa o uso de videogame é permitido  às sextas, feriados e fins de semana, condicionado a bom comportamento, tarefas feitas e bons resultados escolares. Confesso que com a pandemia essa agenda deu uma estrapolada…mas em breve espero voltar ao ritmo normal!).


O Fortnite é indicado para crianças a partir de qual idade?

Todo produto de entretenimento é submetidos a uma classificação de indicação de faixa etária, e o mesmo acontece com os jogos de videogame. Em cada país existem órgãos que realizam a classificação etária dos jogos e aplicativos digitais, levando em conta vários fatores, principalmente se o conteúdo é apropriado para as capacidades cognitivas de cada faixa etária.

O Fortnite não foi feito com foco no público infantil, por mais que o estilo, os personagens e o visual seja muito atrativo para crianças de 8 a 15 anos. Tanto que a Epic Games classificou esse jogo como apropriado para acima de 13 anos (categoria adolescente) principalmente por dois fatores –  interação entre usuários e compras dentro do game.

Nos Estados Unidos o Fortnite recebeu da ESRB (Comitê de Classificação de Softwares para Entretenimento) como Teen – 13 anos ou mais. No Reino Unido, o conselho da Video Standards classifica Fortnite como PEGI 12 – cenas frequentes de violência moderada.

Mas isso são referências e recomendação de uso servem como proteção jurídica para as empresas – caso algo ocorra com uma criança com idade abaixo da indicada na classificação em função do uso do game, o desenvolvedor fica isento de qualquer responsabilidade. Os pais conhecem melhor seus filhos do que qualquer órgão de classificação e podem usar essas informações para tomarem suas decisões do que é melhor para seus filhos.


A dica mais importante: informe-se e use a tecnologia a seu favor

A melhor maneira de conversar com as crianças sobre permissões é entender do que se trata, pois temos medo do que não conhecemos, certo? Por isso, não entre em uma discussão sem entender exatamente o ônus e o bônus do que está sendo negociado. São seus filhos em jogo! Então antes de dizer sim ou não, tende entender e conhecer melhor sobre o que a criança está falando – pode ser um game, um aplicativo, um brinquedo, um filme, um personagem, um local.

Você deixaria seu filho ler um livro ou filme que você só viu o título? Então, com o videogame é a mesma coisa…tem que conhecer! Quanto mais informados os pais estiverem, melhor poderão lidar com a situação. E tem que seguir acompanhando o tema, pois sempre tem atualizações, então tem que ficar de olho sempre (mas pra isso estamos aqui, pode contar com o São Paulo para Crianças!).

Então fica a dica: quando seus filhos vierem falar de Fortnite ou de qualquer outro tema que você não conhece, não tenha vergonha de dizer que não sabe do que se trata nem diga não de cara. Pesquise, pergunte pra amiga nerd, e também peça ajuda para as crianças! Elas vão adorar explicar.

Sem contar que as crianças vão adorar ver que você se dedicou e se aproximou do universo deles. Meu filho fica feliz da vida quando pode me contar as novidades do universo Fortnite e a pequena adora me contar todas as diferenças entre as séries de LOL Surprise (ô boneca cara!).

No fim das contas, o importante é cada família vai encontrar sua forma de brincar e lidar com a tecnologia. Aprender a surfar a onda sem se afogar e tirar o lado positivo sempre. Tecnologia não é vilã, ela pode ser uma grande aliada na criação dos filhos.

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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 15/06/20. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos

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