Por Priscilla Negrão
Criado em 15/02/21
Essas fotos e notícias na galeria de fotos (abaixo) são do Carnaval 2021 pelo Brasil. Quando você vê essas notícias, o que você faz? Comenta xingando todo mundo? Coloca a hashtag #fiqueemcasa ? Briga com o portal de notícias que divulgou a foto, que “contou pra todo mundo” que a praia está aberta e está estimulando a aglomeração? O que o jornalista deveria fazer? Ocultar o fato? Fingir que isso não está acontecendo? As pessoas estão na praia porque o jornal contou que a praia está aberta ou porque tem livre arbítrio?
Pois é. É a cultura do cancelamento que reina na internet: não escreveu o que eu penso, o que eu quero ou eu concordo? Então vou te cancelar!
Afinal, se você vê uma notícia sobre um engarrafamento em SP, o que você faz? Xinga quem postou a notícia? A culpa do engarrafamento é de quem noticia…ou de múltiplos fatores, como a deficiência do transporte público na cidade, falta de gestão de tráfego, de manutenção de vias?
Então porque xingar quando noticiamos que um parque estará aberto ou que vai rolar uma oficina de Carnaval presencial sob protocolos, com grupos limitados? Nós não determinamos quem abre ou quem fecha – isso é o Governo quem faz. Fingir que elas estão fechadas não ajuda em nada, apenas confunde mais as pessoas.
Esta semana tivemos dois posts muito polêmicos, um falando sobre uso ou não de chupeta, onde choveu discurso de ódio e dedos apontados para mães que deram chupeta, e outro com um guia de atividades online E presenciais para o Carnaval.
E quem leu a matéria viu que as atrações presenciais selecionadas são as que estariam abertas no feriado, e não blocos de carnaval presenciais, até porque estão proibidos e por aqui seguimos à risca as determinações do Plano SP do Governo do Estado.
Infelizmente muita gente resolveu descontar a frustração que sente, seja com o cancelamento do Carnaval, seja vendo as ruas lotadas e os números da pandemia subindo, comentando com ódio nos nossos posts.
Eu entendo, sou mãe e cidadã como vocês. Também estou cansada, triste e frustrada. Também fico chateada vendo as praias lotadas, os bares lotados, os restaurantes, enquanto lutamos para reabrir escolas.
Outro dia fui na farmácia e, apesar dos adesivos colados no chão, tive que pedir para darem um passo pra trás, estava todo mundo colado na fila. Todo mundo aglomerado, muitos sem máscara, ninguém respeita protocolos. E não era um parque ou shopping, não eram crianças. Eram adultos em uma farmácia.
Fazer campanha na internet para as pessoas ficarem em casa, como fizemos no começo da pandemia, não funciona mais. Por isso acreditamos na conscientização, ou seja, em informar e alertar.
Tenho vontade de chorar quando leio as notícias e vejo que não há um plano nacional de vacinação, que tem profissionais sendo vacinados antes de professores e de idosos, como alertou o médico Drauzio Varella ontem em seu artigo. Quando vejo notícias do “jeitinho brasileiro” rolando solto nas prefeituras do Brasil.
E também tenho vontade de chorar quando vejo o setor de eventos e lazer morrer e demitir dia a dia. Quando vejo escolas fecharem e crianças de 5 anos ficarem com depressão, engordarem e regredirem – teve quem parou de falar, quem voltou para a fralda…
Mas, é mais fácil bater no mensageiro do que no responsável pelo problema. É mais fácil criticar um portal que divulga as atrações abertas, do que em quem decide o que abre ou o que fecha.
Vivemos em uma época na qual as pessoas não sabem diferenciar OPINIÃO de INFORMAÇÃO. Sei que muita gente só lê títulos na rede social, que não lê os conteúdos inteiros e mesmo assim acha que tudo tem que estar de um “lado”.
São pessoas que dividem o mundo em bem e mal, preto e branco, time A e time B. Só que a vida não é assim, binária. Existe um infinito entre o 0 e o 1. E você não precisa e nem deve ter opinião para tudo. Da noite para o dia temos milhares de especialistas em vacinação, amamentação e criação de filhos.
Os donos da verdade acham que para fazer sua opinião valer podem agredir, insultar, denegrir. Podem ordenar e decidir o destino dos outros. Podem mandar deletar o post e decidir o que cobrimos ou não.
E é uma grande hipocrisia, porque na prática, nunca teve isolamento social no Brasil. Teve para uma pequena parcela que tem recursos e consciência para se isolar (porque tem muita gente com condições que não se isolou, né?).
Não dá pra negar que a maioria dos brasileiros seguiu trabalhando, nos caixas do supermercado, no delivery, nas cozinhas, nas fábricas, nas ruas varrendo e coletando nosso lixo, dirigindo caminhões, garantindo a internet, o saneamento, a energia.
Ficar militando na internet usando #fiqueemcasa e brigando em comentários porque divulgamos que existem atracões abertas não resolve o problema e nem conscientiza ninguém.
O que resolve o problema é cobrar das autoridades um plano eficiente de vacinação. Que tal a gente gastar toda essa energia nas redes sociais dos nossos senadores, deputados, governantes?
Por isso, optamos por divulgar o que está aberto, o que está seguindo os protocolos, e orientar as pessoas a serem cuidadosas em suas saídas.
Quarentena e lockdown se faz com politicas públicas e não com hashtag e brigando com portais de notícias na internet.
E isso acontece aqui na nossa página, acontece nas escolas, acontece no BBB, nas favelas e nas mansões. Julgar o outro é fácil. O radicalismo e a falta de empatia é uma epidemia pior que o Covid-19, porque não vai embora com vacina.
Sabe, quando criei o SP para Crianças, como meu blog pessoal, há mais de dez anos, eu queria retomar o espaço das crianças no editorial diário. Queria destacar a cidade que existe e que abraça as crianças e lutar contra o movimento Child-free que cresce no mundo. Queria ajudar o setor cultural a crescer e empoderar as famílias com crianças para que elas ocupassem a cidade. Cada parque, cada praça. Queria que elas amassem sua cidade como eu amo e que sentissem que a cidade as ama também.
Esse amor faz a gente ser cidadão. Ser brasileiro e lutar por esse País. Eu saí das redações e das empresas, para criar algo que eu acredito, que tem propósito e que muda vidas. E apesar das mensagens agressivas que aparecem em alguns posts, a minha felicidade é que elas são minoria. São praticamente insignificantes quando eu olho para o universo de felicidade e alegria que está nas outras interações.
Na quantidade de sorrisos e momentos inesquecíveis que ajudamos a criar. E isso me faz seguir em frente. Ver que meu propósito se multiplicou e hoje há dezenas de perfis, páginas e sites que se inspiraram em nós, não só em SP, mas em várias cidades do Brasil e do mundo, e fico feliz de ver que esse movimento está crescendo.
E é por isso que, como diz Chico, apesar de você, pessoa que vem aqui brigar e xingar, amanhã há de ser outro dia. Seguiremos divulgando as atrações de SP (e em breve do Brasil!) e lutando pela educação de melhor qualidade, pela reabertura das escolas e pelo respeito e empatia para mães. Que cada uma seja respeitada por suas escolhas.
E quem quiser desabafar suas frustrações com a pandemia, o desemprego, a economia, a política, as escolas, e quiser xingar a gente aí nos comentários, fique à vontade, tudo bem. Eu entendo. Também tenho dias difíceis. E se me xingar ajuda, vá em frente. Quero ver você melhor, mais feliz. Não briga comigo, porque eu tenho uma mania terrível: eu torço sempre pra você vencer a briga.
Pode chegar, pode comentar, pode brigar. Estamos aqui pra te acolher, te abraçar e te ajudar.
Com carinho,
Priscilla
Editora Chefe do SP Crianças
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 15/02/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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