Por Priscilla Negrão
Criado em 02/07/19
Fotos: Reprodução / Divulgação
“EU ODEIO CRIANÇAS!!”. Quem nunca ouviu alguém dizer isso, sem constrangimento algum? Vivemos tempos estranhos, no qual odiar crianças virou um “direito” ou simples questão de “opinião”, e na qual estabelecimentos, empresas, companhias aéreas acham que por questões comerciais e de marketing podem simplesmente restringir o acesso de crianças, criando espaços livres desses pequenos seres humanos, para que os grandes seres humanos “jantem em paz”.
Veja bem, não estamos falando aqui de levar crianças a lugares e em horários inadequados para a idade delas. Ninguém está propondo que crianças frequentem bares, baladas e outros lugares em horários que não sejam adequados ou que sejam locais realmente com temas adultos.
O que eu questiono aqui é limitar o acesso de crianças em horários diurnos a restaurantes, bares, cafés, hotéis, exposições e até aviões, discriminando pelo critério da idade.
Ah, mas eles estão no direito deles. Não, não estão. Se você tem dúvida se isso é preconceito, basta mudar o critério. Se fosse cor de pele, é como se apenas brancos ou negros pudessem entrar em um estabelecimento. Se fosse um critério religioso, é como proibir um evangélico ou Judeu de adentrar um recinto por conta de sua religião.
Mas quando se trata de idade, o preconceito etário se traveste de “gosto pessoal”. Imagine uma placa dessas que encontramos por aí, que diz: “Proibida a entrada de crianças”. Troque a palavra por um outro grupo etário, como os idosos. “Proibida a entrada de pessoas idosas”. Essa placa certamente não seria aceita e o estabelecimento seria massacrado nas redes sociais, correto?
Pois bem: porque aceitamos a restrição para as crianças e não para os idosos, se o critério é o mesmo: idade? Simples: a criança não é respeitada como cidadã e não é considerada um ser humano por conta de sua pouca idade.
Duvida? Pois bem: você já viu alguém tentar disciplinar um adulto batendo nele? Porque então fazem isso com as crianças? Já imaginou se você derrubasse seu café na mesa do escritório e seu chefe dissesse: “Vou te bater para você aprender a não derrubar mais seu café na mesa! Mas é para o seu bem”.
Parece absurdo, não é? Mas é o que fazem com as crianças. Elas não são respeitadas como seres humanos, e muitas vezes são agrupadas junto com os animais – “Não são permitidos crianças e pets neste local”. Precisamos juntos lutar para que as crianças tenham sua cidadania respeitada.
Não querer ter filhos é um direito seu. Respeitar as crianças e conviver harmoniosamente com elas é um dever de todos nós.
Ao viver em sociedade, todos somos obrigados a ser tolerantes. E isso significa lidar com situações que não te agradam. Ou seja, você pode não gostar de crianças, mas vai ter que aceitar a presença delas, assim como aceita idosos e adultos.
Sem contar que quando excluímos as crianças, também estamos dizendo não aos seus pais e cerceando seus direitos. Isso é de uma tamanha violência, considerando que a maternidade vivida hoje nas grandes cidades é solitária e os pais quase não possuem redes de apoio e não têm com quem deixar o filho quando precisam ir ao médico, se alimentar, se divertir.
O preconceito contra a presença da criança é também preconceito contra a presença de pais, que ouvem muitas vezes que a culpa é deles e absurdos como “você não deu educação para essa criança!” ou “Faltou palmada”, entre outros absurdos.
Crianças falam alto, gritam, são espontâneas, mexem nas coisas, e isso não é “falta de educação”. Isso se chama infância.
Claro que temos que impor limites e ensinar a viver em sociedade. Mas educação não se mede pelo nível de ruído que uma criança faz! E há crianças com necessidades especiais, com dificuldades de comunicação, etc.
Não podemos domesticar as crianças para que sejam inertes. Crianças não são pets, são seres humanos em formação. Temos que deixá-las serem crianças, dentro dos limites de segurança, afinal, quantas vezes você não presenciou um adulto se comportando muito mal em algum lugar e teve de aceitar a presença da pessoa ali? Por quê com as crianças as pessoas aceitam que seja diferente?
Se a moda pega, daqui a pouco tem lugar restringindo pessoas com mais de 50, para quem “odeia idosos”, ou com peso acima do esperado, para quem “odeia obesos”, e por aí vai. Afinal, “tenho o direito de jantar sem ter um velhinho tossindo”.
Lidar com o choro infantil faz parte da vida, assim como lidamos com outros inconvenientes das relações pessoais. Quem nunca teve de lidar com um adulto bêbado ou mal educado?
Vale lembrar que o movimento “childfree”, ou seja, “livre de crianças”, não é novo. Ele existe desde os anos 80, nos Estados Unidos e no Canadá, e começou para agrupar adultos que se sentiam discriminados por não terem filhos. Hoje, vai além e adota o discurso de “não gosto de crianças” ou “não quero crianças por perto” e usa as redes sociais e a internet para proliferar discursos de ódio.
No Brasil, há grupos na internet, como a “Associação Childfree do Brasil” com 6 mil seguidores no Facebook e a Somos Childfree, com 190 mil seguidores no Facebook.
O ódio a crianças é nada menos que ódio ao próprio ser humano, ao futuro, ao amor. Se tem um jeito concreto de melhorar o mundo, é cuidando das crianças e fazendo com que sejam pessoas melhores do que nós.
Para que essa geração que vem por aí ensine aos adultos de hoje que não, odiar e restringir o acesso de crianças não é direito de ninguém nem questão de opinião. É preconceito, é intolerância, é falta de amor ao próximo, é falta de compaixão, é crime – segundo o IDEC, a prática é ilegal e inconstitucional de acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor.
Se o espaço não apresenta qualquer tipo de risco à saúde mental, psíquica ou física da criança, não existe um motivo para que ela não possa entrar.
O fato de um estabelecimento ser privado não o exime de cumprir a Constituição, que diz no artigo 5º que todos são iguais perante a lei, reforça no artigo 227 que crianças e adolescentes têm prioridade absoluta e diz ainda em seu artigo 3, inciso IV que é objetivo fundamental da República “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
A intolerância é um caminho sem volta. Por aqui, vamos no caminho contrário. Todos os dias buscando dar espaço e relevância para os estabelecimentos que dizem SIM às crianças. Aos estabelecimentos child friendly, amigos da criança, dos pais e do ser humano.
Esse é nosso manifesto: o São Paulo para Crianças veste essa camisa, levanta essa bandeira e chama você para juntar-se a nós. Vamos juntos dizer um estrondoso NÃO ao preconceito contra a criança.
E a melhor maneira de fazer esse “NÃO” ser ouvido sabe como é? OCUPANDO A CIDADE! Saia com as crianças! Viaje, passeie, leve seus filhos, sobrinhos, netos, vizinhos, para onde você acha que eles devem ir!
E pra você que estufa o peito pra dizer que tem o direito de almoçar “em paz, sem crianças chorando”, só digo uma coisa: fique em casa com seu ódio, que a gente vai sair espalhando AMOR por aí!!
COMPARTILHEM COM OS AMIGOS!! COMENTEM, CURTAM! AJUDE A ESPALHAR ESSA MENSAGEM !!! Junte-se ao nosso movimento: #vaitercriancasim
Publicado originalmente em facebook em 6 de outubro de 2017.
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 02/07/19. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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