Fotos: Reprodução / Divulgação

A era digital trouxe consigo desafios inéditos para os pais que buscam orientar seus filhos adolescentes em um mundo online repleto de oportunidades e perigos. Duas recentes discussões, vindas de especialistas e estudos, ressaltam a importância vital do acompanhamento ativo na vida digital dos jovens.

É sobre isso que nós do São Paulo para Crianças queremos conversar com você hoje, pai, mãe ou responsável. Você tem um papel imprescindível na orientação do uso de redes sociais pelas crianças e adolescentes, inclusive previsto como dever em lei, sabia? Pois é, tanto que hoje os pais podem ser responsabilizados judicialmente caso aconteça alguma coisa na internet com os filhos!

A experiência do ambiente digital sem acompanhamento parental vem ganhando espaço nas discussões

Em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, especialistas concordaram de forma unânime: é essencial que os pais estabeleçam limites claros para o uso de eletrônicos pelos filhos. 

A Delegada de Crimes Cibernéticos, Marcelle Bacellar, enfatizou a necessidade de equilibrar o tempo de tela com atividades físicas e interações sociais presenciais. Afinal, é nos momentos fora das telas que as conexões reais acontecem. “Limites devem ser estabelecidos pelos pais e obedecidos pelos filhos” disse ela a Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Na mesma entrevista, o educador social João Tomayno trouxe à tona uma estatística preocupante: mais de 90% dos jovens brasileiros usam celulares, superando a média mundial. Os pais precisam estar cientes desse cenário e agir proativamente para garantir que seus filhos usem a tecnologia de forma responsável e equilibrada.

Esse uso excessivo compromete também o desenvolvimento cognitivo deles. O PISA de 2022 mostra que 70% dos jovens brasileiros não sabem o básico da matemática para fazerem operações comuns em sociedade. Isso preocupa não só pelo fato de termos em poucos anos jovens adultos dependentes de tecnologia para os cálculos mais básicos que o cotidiano exige, mas também por termos provavelmente uma geração profundamente impactada pelo excesso de estímulos dopaminérgicos e pelos perigos que as conversas no ambiente digital escondem. 

A prática de “sexting”  

Sexting, a junção das palavras inglesas sex (sexo) e texting (envio de mensagens) é uma prática em crescimento entre os jovens. Ela consiste no envio de vídeos e fotos íntimas explícitas ou não, em bate papos particulares, chats em grupo ou até em timeline como é o caso que vimos no Lit Match.

O alerta vermelho é acionado quando consideramos as implicações legais e psicológicas do sexting. Fotos íntimas compartilhadas online podem ter consequências devastadoras para aquele ou aquela que envia.

A primeira implicação é: muitas vezes os adolescentes confiam no receptor das mensagens mesmo sem conhecê-los pessoalmente e enviam fotos de partes do seu corpo para pessoas que infelizmente se disfarçam de crianças e adolescentes para praticar crimes cibernéticos.

São eles: 

  • Corrupção de menores 

Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

  • Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Ambos previstos no Código Penal. 

Fotos e vídeos, são amplamente compartilhados por pessoas mal intencionadas que, para obter mais material, chegam até a ameaçar as vítimas, causando traumas psicológicos gravíssimos na formação de crianças e adolescentes.  

Engana-se quem pensa que se for para um namoradinho ou namoradinha tudo bem, que “é coisa de adolescente”. Isso pode ser igualmente prejudicial para a saúde mental. Muitas vezes movidos pela vontade de vingança após um término, ou até mesmo por imaturidade emocional, o detentor das fotos espalha para amigos, pela escola e outros grupos sociais dos quais faz parte como forma de punir a outra parte por não agir conforme o desejado. 

Os resultados disso podem ser percebidos em quadros de ansiedade, baixa autoestima, trauma, isolamento social, depressão e até mesmo suicídio, como demonstra o caso trágico de uma jovem que tirou a própria vida após a divulgação não autorizada de uma imagem pessoal no Canadá (para conferir a sua história por completo acesse o link no final desta matéria).

É crucial que os pais estejam cientes dos riscos associados ao uso de redes sociais sem nenhuma espécie de monitoramento. Não basta apenas acompanhar a quantidade de horas que as crianças estão passando no celular, é preciso saber onde e com quem estão trocando mensagens e, principalmente, o teor dessas mensagens. Isto é inclusive previsto por lei, como podemos ver nesta matéria do Jusbrasil: 

Diante desses desafios, a responsabilidade dos pais e responsáveis é inegável. Uma supervisão ativa, amiga, diálogo aberto, regras claras para o uso de eletrônicos, conhecer as amizades online dos filhos e orientá-los sobre os riscos reais do sexting são medidas concretas que os pais podem adotar.

Cabe a você como responsável fornecer as noções de segurança necessárias para navegar com segurança nesse ambiente gostoso que é a internet, quando se tem conhecimento para tal. Ao fazer isso, você não apenas protege seus filhos dos perigos, mas também fortalece os laços familiares no mundo conectado de hoje. Afinal, a tecnologia pode ser uma aliada, desde que guiada pela sabedoria e cuidado parental.

A ausência desse acompanhamento e o descumprimento deste artigo do ECA, vem sendo discutida e formas de penalizar os responsáveis por deixar seus filhos em contato com desconhecidos na internet estão sendo cogitadas no meio jurídico. As consequências podem se desdobrar inclusive na revisão da guarda legal dos pais devido ao abandono digital.

O que acontece com criança que fica no celular?

Crianças expostas excessivamente a dispositivos eletrônicos podem enfrentar dificuldades no desenvolvimento social, emocional e cognitivo. O equilíbrio é crucial para um crescimento saudável.

Qual a idade mínima para uma criança ter celular?

Os especialistas recomendam que os pais avaliem a maturidade do filho antes de fornecer um celular. Porém a orientação é evitar exposição de crianças abaixo de 02 anos à celulares e tablets. 

Qual o tempo máximo que uma criança pode ficar no celular?

Especialistas sugerem limites de tempo de tela para crianças, geralmente variando de acordo com a faixa etária. Você pode conferir o tempo máximo exato para cada uma delas nesta matéria. O diálogo aberto com os filhos é crucial para estabelecer regras realistas e saudáveis.

Quanto tempo uma criança de 10 anos pode ficar no celular?

A recomendação geral é limitar o tempo de tela para cerca de 1 a 2 horas por dia para crianças dessa idade. No entanto, é crucial adaptar as regras de acordo com as necessidades individuais e manter um equilíbrio com atividades offline.


Para conferir na íntegra o caso da jovem canadense clique aqui.

Criado em 11/12/23
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