Foto: Divulgação/ Freepik

Denise Suguitani

Criado em 16/12/21

Os riscos das cesáreas eletivas aos bebês

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Um estudo liderado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e publicado em outubro deste ano na revista científica PLOS Medicine (EUA), apontou que a cesárea sem indicação é associada a risco 25% maior de mortalidade na infância. Pesquisadores brasileiros e do Reino Unido analisaram 17 milhões de nascimentos ocorridos no Brasil entre 2012 e 2018. Já quando analisados os nascimentos de crianças com indicação médica, a cesárea foi associada com redução dos óbitos, evidenciando a importância do procedimento quando devidamente indicada por um médico, ressaltou a Fiocruz.

Em 2018, a ANS (Agência Nacional de Saúde) chegou a fazer campanha, no início do mês de dezembro, após verificar que, sobre os partos realizados por beneficiárias de plano de saúde, há redução de cesarianas no final de dezembro e aumento no período anterior ao Natal, mostrando haver antecipação dos nascimentos que ocorreriam na época das festas de fim de ano. Os últimos dados mais atuais da ANS, referentes à 2019 e divulgados em outubro deste ano, apontam que, dos 287.166 partos realizados através de planos de saúde privados, 56,71% das cesáreas foram realizadas antes do início do trabalho de parto.

Os bebês chamados “termo precoce”, nascidos entre a 37ª e a 38ª semanas gestacionais, muitos deles de cesáreas eletivas – quando não há indicação técnica para esse tipo de parto, podem apresentar resultados de saúde mais semelhantes aos nascidos prematuros.

De acordo com os dados analisados pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil®️ e que constam no Observatório da Prematuridade – documento produzido pela ONG Prematuridade.com -, dos recém-nascidos “termo precoce”, 29% necessitaram de internação hospitalar para tratamento de complicações perinatais, sendo que 21% foram admitidos em UTI, com tempo médio de permanência na unidade de 8,2 dias. O levantamento foi feito com base nas altas hospitalares codificadas pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil® no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de 2021. A análise constituiu uma população de aproximadamente 300.000 partos ocorridos em regime de internação hospitalar, tanto em instituições vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) quanto à Saúde Suplementar, distribuídas nas 5 regiões brasileiras, com concentração nas regiões sudeste, sul e centro-oeste.

Altas taxas de cesáreas eletivas acabam ocasionando o nascimento não apenas de bebês prematuros, mas também dos chamados de termo precoce. Para essas crianças, trata-se de uma perda média de 10 dias de gestação em relação ao ciclo esperado de 280 dias. Isso impacta nas taxas de internação neonatal e ocorre também em locais onde há déficit de leitos.

Os dados levantados pelo Observatório da Prematuridade indicam que o Brasil tem 9.560 leitos de UTI neonatal, divididos entre tipo I, II e III, porém, nem todas as localidades possuem essa última, destinadas à bebês que necessitam de nível de atenção muito alto. Esse é o caso dos estados do Acre, Amapá, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Ainda no estudo do DRG Brasil, que consta no Observatório da Prematuridade, foi apontado que, dos bebês “termo precoce” que necessitaram de cuidados da Unidade de Terapia Intensiva, 49% precisaram ser entubados e colocados em ventilação mecânica (VM) e, 20% destes, demandaram tempo de suporte ventilatório maior que 4 dias.

As informações mostram que esses bebês utilizaram 12% do total de dias das internações registradas por toda população neonatal nas UTIs. A taxa de mortalidade intrahospitalar foi de 3% e, dos que internaram em UTI neonatal, 6%.

O parto que acontece antes das 37 semanas de gestação desencadeia um ciclo de eventos que afeta tanto o individual quanto o coletivo de uma sociedade, incluindo desde o vínculo afetivo entre mãe e filho, até os setores da Economia, da Saúde, da Cidadania e o mercado de trabalho. Diante disso, fica cada vez mais evidente a necessidade de políticas públicas para prevenção, atendimento adequado às gestantes e estrutura para os cuidados dos bebês prematuros, já que o impacto do nascimento de uma criança com esse perfil vai muito além das sequelas de saúde que a situação pode causar para esse bebê e do trauma psicológico que ela deixa para as famílias.

Sobre Denise Suguitani:

Diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com.

Instagram: https://www.instagram.com/ongprematuridadecom

Sobre Denise Suguitani:

Diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com.

Instagram: https://www.instagram.com/ongprematuridadecom

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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 16/12/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos

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