Vestibulares: atenção ao estresse e ansiedade do estudante

Os vestibulares para 2022 já estão quase aí. Mesmo com a prova acontecendo apenas em fevereiro, as inscrições para os exames de entrada na Universidade Federal do Paraná, por exemplo, chegam ao fim em 10 de novembro, e essa proximidade se repete em todos os estados brasileiros.

Isso não vem sem diversos desafios para os candidatos. O estresse e a ansiedade, que sempre estiveram ao lado dos estudantes nessa fase da vida, são ainda mais intensos depois de quase 2 anos atípicos. A pandemia, o isolamento e as aulas à distância colocam ainda mais pressão sobre aquelas pessoas que já enfrentam um momento complicado: a escolha de uma carreira, as cobranças dos pais e professores, o medo de não passar no vestibular, ou até mesmo passar e se encontrar em um curso que o leve a uma profissão de que o aluno não goste.

As mudanças da pandemia abalaram o emocional dos alunos, intensificando a ansiedade, o estresse e a pressão no vestibulando. Na sala de aula presencial havia a presença dos professores e colegas que amenizavam a ansiedade, já online, é o aluno com ele mesmo.

Para ajudar a manter a saúde mental e física nesses tempos difíceis, é importante que o vestibulando crie uma rotina de estudo e lazer. Por lazer, não digo sair para festas, mas ter um tempo para si mesmo, para descansar e se divertir sem ter que focar nos estudos o tempo todo. Para os estudos, o aluno deve incluir no início de seu dia ao menos três minutos de relaxamento, respirando fundo, sempre atento à entrada e saída de ar. A consciência corporal que temos quando fazemos esse simples exercício é imensamente benéfica para o corpo e para mente, além de trazer o foco para o momento presente. Cada vez que o aluno, durante o estudo, se perceber desatento, cansado e sem foco, deve dar uma pausa. Levantar-se, dar uma volta pela casa, respirar e então retornar às atividades.

O mundo todo está enfrentando dificuldades, medos e angústias por conta da pandemia, o que reforça a necessidade de cuidado com auto cobranças exageradas e manutenção dos próprios limites.

Além disso, enquanto a pandemia é uma das grandes razões para o estresse em estudantes – e em todos nós – ela não é a única. As preocupações mais clássicas dessa fase da vida ainda estão presentes. Muito jovens e ainda imaturos, os vestibulandos ainda estão formando sua identidade e escolher uma carreira é uma decisão extremamente importante e difícil.

O estudante deve se preparar para essa decisão e conhecer quais habilidades possui. Trabalho em meu consultório orientação de carreira, por exemplo. Não é um teste vocacional. Nas sessões os jovens descobrem valores, habilidades e desejos, e as sessões são um momento de descoberta e redução de estresse. Claro, os testes vocacionais que existem no mercado também podem ajudar a aliviar a confusão e preocupação dos estudantes, mas eles funcionam melhor como um auxílio para conhecer as áreas de interesse, enquanto a orientação de carreira busca explorar o que o estudante quer e espera de sua carreira.

Além das dúvidas em relação a essa escolha, muitos jovens enfrentam outro problema na forma da pressão dos pais. Muitos chegam no consultório infelizes pois os pais querem que o aluno faça determinado curso para dar continuidade à história da família. Se não for da vontade desse adolescente, ele pode até cursar, mas com certeza será um adulto infeliz profissionalmente.

Também existem diversos estudantes que pensam apenas naquilo que gostariam de fazer sem considerar a realidade da vida profissional, os ganhos na carreira escolhida e até mesmo as próprias expectativas de vida depois da formação, que durante a adolescência podem ser um pouco distantes da realidade.

Para aqueles pais que não possuem condições de orientar seus filhos na escolha de uma profissão, ou não querem interferir nas decisões, a melhor ajuda a se dar é indicar uma orientação de carreira e testes vocacionais. O correto seria as escolas começarem esse processo logo no segundo ano do Ensino Médio, mas mesmo que isso não aconteça, ainda dá tempo de buscar a orientação!