Adriana de Góes
Criado em 10/09/21
A pandemia mudou os planos de todo mundo, literalmente. Os meus, os seus, os nossos. Mas não se trata apenas de viagens adiadas ou de passeios cancelados. Muitas pessoas postergaram o desejo de ter filhos. O vírus da Covid-19 chegou sem passagem de volta e nenhuma previsão de ir embora. Infelizmente, para muitas mulheres, esse tempo é decisivo na realização do sonho da maternidade. Seja pela idade mais avançada, por algum problema de saúde ou interferências externas, o corpo não pode esperar. Com isso, a procura por congelamento de óvulos em São Paulo aumentou consideravelmente. Em meu consultório, por exemplo, esse crescimento foi de 50% somente no primeiro semestre deste ano, se compararmos com o mesmo período do ano anterior.
Relaciono esse aumento a alguns fatores. No ano passado, as famílias estavam com mais medo de sair de casa e também havia o fator econômico, ainda muito incerto. Agora, com o avanço da vacinação, a esperança começa a voltar e parece haver uma luz no fim do túnel. Não podemos dizer que a pandemia acabou, mas as atividades estão voltando, aos poucos, ao normal. Mesmo com a melhora, a dúvida e o medo ainda persistem, por isso algumas mulheres que sonham em ser mãe decidiram procurar pelo congelamento de óvulos até que a Covid-19 não seja mais um risco. Atualmente, mais da metade da minha agenda é reservada para esse procedimento. A demanda estava represada.
Embora a variante Delta não apresente maior risco para as gestantes, as novas cepas do coronavírus trazem um cenário ainda de incertezas em relação à pandemia. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as grávidas têm maior risco de desenvolver a forma grave da doença e são consideradas grupo de risco. Ainda há diversos estudos sendo realizados para entender melhor a ação do coronavírus no corpo da gestante, mas alguns fatores levantam maior preocupação. As comorbidades não podem ser ignoradas e mulheres que apresentam obesidade e diabetes, por exemplo, possuem mais riscos.
As chances de um parto prematuro também aumentam nas gestantes infectadas pela Covid-19. As grávidas possuem uma limitação respiratória pelo grande volume uterino no terceiro trimestre, então, doenças com acometimento respiratório, como é o caso do coronavírus, agravam a situação. Além disso, todo o quadro de infecção durante uma gestação já é um fator para prematuridade.
Por conta disso, o congelamento de óvulos se tornou uma opção plausível para muitas mulheres. Para aquelas que decidirem realizar o procedimento, são necessários exames que ajudem o médico a avaliar sua saúde reprodutiva. Quanto antes o procedimento for feito, melhor, isso porque a qualidade dos óvulos diminui progressivamente com o avanço da idade. Calcula-se que, a partir dos 40 anos, um terço das mulheres já sejam inférteis.
Embora o medo da pandemia e o próprio desejo de adiar uma gravidez tenham levado muitas mulheres às clínicas em busca de congelamento dos óvulos, a paciente deve avaliar com o seu médico os benefícios do tratamento e as consequências de um adiamento da gestação. Isso porque nem todas têm o tempo a seu favor. É importante considerar que as chances de
sucesso da fertilização in vitro diminuem para mulheres a partir dos 40 anos, e esperar talvez não seja uma opção.
As mulheres que não possuem esse tempo e querem engravidar agora podem e devem iniciar o processo, seja clínico ou natural, o quanto antes. O corpo possui naturalmente uma janela de oportunidades, que não pode ser ultrapassada. É possível engravidar agora, neste momento de pandemia, desde que com cuidado redobrado, acompanhamento médico e todas as precauções possíveis.
Sobre Adriana de Góes:
Formada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Dra. Adriana de Góes é referência em reprodução humana e especialista em fertilização in vitro, inseminação artificial e trombofilias. Mestre em Ginecologia Obstetrícia e Doutora na área de Tocoginecologia, pela Unicamp, a profissional tem cursos e experiência internacional, inclusive na IVI Foundation and IVI Clinic, em Valência, na Espanha. Além disso, faz parte da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Americana de Imunologia da Reprodução e da Sociedade Americana e Europeia de Reprodução Assistida. É autora de quatro livros sobre o tema, com o mais recente, Infertilidade e Gravidez - tudo o que você precisa saber sobre reprodução humana assistida, tendo sido lançado em agosto deste ano.
Instagram: https://www.instagram.com/dra.adrianag
Sobre Adriana de Góes:
Formada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Dra. Adriana de Góes é referência em reprodução humana e especialista em fertilização in vitro, inseminação artificial e trombofilias. Mestre em Ginecologia Obstetrícia e Doutora na área de Tocoginecologia, pela Unicamp, a profissional tem cursos e experiência internacional, inclusive na IVI Foundation and IVI Clinic, em Valência, na Espanha. Além disso, faz parte da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Americana de Imunologia da Reprodução e da Sociedade Americana e Europeia de Reprodução Assistida. É autora de quatro livros sobre o tema, com o mais recente, Infertilidade e Gravidez - tudo o que você precisa saber sobre reprodução humana assistida, tendo sido lançado em agosto deste ano.
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 10/09/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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