Ana Luisa Bartholo
Criado em 29/06/21
Talvez você nunca tenha parado para pensar nisso, mas um filho que chega por adoção também tem a sua ‘gestação’. Como você pode imaginar, não estamos falando do processo fisiológico da mulher. Entretanto, assim como uma mãe biológica precisa esperar as tais 40 semanas entre a formação do embrião e o nascimento do seu filho, as mães e pais por adoção também passam por uma espera.
De maneira geral, os pais por adoção seguem os seguintes passos até terem o seu filho:
O que chamamos de ‘gestação’ é o período que acontece entre os passos 3 (Habilitação) e 4 (Chegada da criança), isto é, o tempo que os candidatos habilitados precisam realmente esperar até que seu filho chegue.
Após anos participando de grupos de apoio, posso afirmar que a habilitação costuma ser um momento de bastante alegria para os pretendentes à adoção. Ela significa que, após a decisão de se tornarem pais por adoção (que por si só, não costuma ser simples e linear) e passarem por um minucioso processo judicial (que conta com apresentação de documentos e de relatórios médicos, escrutínio por assistentes sociais e psicólogos da Vara da Infância e muita ansiedade) eles venceram! Estão habilitados e…. então começa a sua ‘gestação’.
Na ‘gestação’ por adoção, há duas grandes diferenças em relação à convencional. A primeira é que não existe nenhuma previsão de quanto tempo ela vai durar – nenhuma mesmo! Bem, há de se alegar que em uma gestação biológica também acontecem imprevistos, como o bebê nascer antes da hora, mas se é esse o caso, isso acontece em uma janela de tempo dentro das 40 semanas. No caso da adoção, o tempo de espera pode variar, literalmente, entre poucos dias até quase uma década. Em tempo: ambos são exemplos extremos. O primeiro, em que os habilitados recebem a criança em poucos dias, acontece quando eles não têm praticamente nenhuma restrição quanto ao perfil, e aceitam por exemplo crianças com doenças graves ou deficiências físicas ou mentais. Como existem muitas crianças para adoção nesse perfil, quase que imediatamente após a habilitação essas pessoas recebem o seu filho. Já o segundo caso, em que os habilitados aguardam por muitos anos, acontece porque seu perfil é extremamente restrito, como os que desejam um bebê de pele branca, sem doenças pré-existentes e sem histórico drogadição por parte dos genitores. O fato é que, mesmo em casos menos extremos, a grande maioria dos habilitados espera algo entre um e cinco anos – muito mais do que as 40 semanas e sem quase nenhuma possibilidade de fazer planos concretos tendo o tempo por referência.
A segunda grande diferença é que não há absolutamente nada que lembre a uma pessoa habilitada que ela está em ‘gestação’. Uma vez concedida a habilitação pela Vara da Infância, só resta esperar. Não há consultas periódicas, exames médicos, indisposição ou inchaços que façam o casal ou a pessoa lembrar que por ali em breve haverá uma criança. Muitas vezes não é nem possível preparar o quarto – imagine alguém que restringiu a idade da criança entre zero e dois anos, e não tem preferência pelo sexo da criança. Além de não saber quando ela chegará, como saber o tamanho das fraldas que vai precisar comprar? E as roupas, para menino ou menina? De que tamanho exatamente?
A ‘gestação’ de um filho por adoção pode ser solitária e angustiante. Muitos habilitados dividem com as suas famílias a decisão sobre adotar, mas, concretamente, não há nada para se falar a respeito durante muito
Por isso mesmo, outros preferem manter segredo, evitando ter que lidar com perguntas como ‘e aí, como está o processo?’ e ‘quando seu filho vai chegar?’ para as quais eles não têm as respostas.
Existem, entretanto, caminhos para tornar essa espera menos angustiante, mais concreta e muito enriquecedora, e um deles é frequentar um Grupo de Apoio à Adoção. Cada um tem o seu formato – palestras, discussões, oficinas, debates – mas participar de um Grupo permite manter contato permanente com conteúdos e reflexões sobre a maternidade ou paternidade por adoção, seus desafios e histórias de sucesso. E não é só isso: participar de um Grupo de Apoio traz para a sua rotina o contato com a sua espera, a sua ‘gestação’. Ao final de cada reunião, você se pegará refletindo sobre o assunto tratado, fazendo paralelos com a sua história, discutindo com o(a) seu(sua) parceiro(a) como será no caso de vocês… Serão inúmeros momentos em que você poderá realmente curtir a sua espera.
Há grupos em todo o Brasil, e assim como nós do Grupo Trilhar, muitos estão funcionando remotamente, permitindo que pessoas de quaisquer partes participem. Por isso, fica aqui o convite: se você está na ‘gestação’ do seu filho, participe de um grupo e torne a sua ‘gestação’ uma verdadeira jornada!
Sobre Ana Luisa Bartholo :
É mãe por adoção da Gabriela e biológica da Beatriz. Formada em administração de empresas e com MBA pela Universidade de Chicago, dirige as atividades de marketing de uma instituição inglesa no Brasil. Ana frequentou e atuou como voluntária em grupos de apoio à adoção entre 2013 e 2018, até que em 2019 fundou, com mais quatro amigos, o Grupo Trilhar, que orienta pais e mães por adoção, através de reuniões mensais.
Site: https://falecomgrupotrilha.wixsite.com/grupotrilhar
Telefone: (11) 96601-7004
Sobre Ana Luisa Bartholo :
É mãe por adoção da Gabriela e biológica da Beatriz. Formada em administração de empresas e com MBA pela Universidade de Chicago, dirige as atividades de marketing de uma instituição inglesa no Brasil. Ana frequentou e atuou como voluntária em grupos de apoio à adoção entre 2013 e 2018, até que em 2019 fundou, com mais quatro amigos, o Grupo Trilhar, que orienta pais e mães por adoção, através de reuniões mensais.
Site: https://falecomgrupotrilha.wixsite.com/grupotrilhar
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 29/06/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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