Por Priscilla Negrão
Criado em 10/06/21
Fotos: Reprodução / Divulgação
Você se lembra onde estava em 29 de julho de 2012? Pois eu me lembro como se fosse hoje: estava em Bogotá, na Colômbia, onde eu vivia há alguns meses, brincando com meu filho de pouco mais de um ano de idade em um parquinho de uma praça, chateada pois só podia acompanhar pelas notícias na internet o último dia de operação do Playcenter, parque de diversões que marcou minha infância e juventude.
Lembro ainda do arrepio na pele e dos meus olhos marejados a cada foto que os amigos que foram se despedir do nosso parque publicavam. Porque o Playcenter foi isso: nosso. O parque de uma geração. Quem tem mais de 30 anos sabe do que eu estou falando – aquele carimbo, que a gente fazia de tudo pra durar ao máximo para ostentar na escola na segunda-feira, deixou marcas eternas nos nossos corações.
Eu sou uma apaixonada por parques de diversões, são meu destino favorito para férias – a ponto de passar a lua de mel em um! Minha mãe sempre me levou, desde pequena, naqueles parques itinerantes da praia, mas o Playcenter foi o meu primeiro parque de diversões de grande porte. Foi ele que me ensinou a amar as montanhas russas, mas também o Carrossel, o teleférico, a Montanha Encantada. Eu amo aquele cheirinho do caramelo da maçã, do algodão doce e da pipoca, e me acho lindo quando as luzinhas dos brinquedos acendem ao anoitecer.
Podem então imaginar minha alegria ao ser convidada para fazer parte do novo Blog do Playcenter, este espaço que vai eternizar na internet a história do Playcenter e, principalmente, as nossas histórias, nossos bons momentos – ou nem tanto, depois vocês podem ler aqui a minha aventura numa lata de lixo nas Noites do Terror!
Eu comecei pelo fim, mas queria voltar lá para o ano de 1973, quando o Playcenter surgiu. Seu fundador, Marcelo Gutglas, é boliviano, filho de poloneses. Engenheiro e inventor de mão cheia, se aventurou no mercado de jukebox e fliperamas até que em uma viagem de negócios à Itália, ele visitou o parque de diversões Edenland, em Nápoles, e ficou encantado.
No Brasil, naquela época, praticamente não existiam parques de diversão desse porte, e com o apoio dos empresários italianos, decidiu montar um parque no Brasil. Eles emprestaram uma montanha russa e outros brinquedos para um teste, e quatro técnicos para suporte. Só faltava uma coisa: um local para montar os brinquedos.
Naquele ano, uma atração fazia sucesso entre a criançada: tobogãs instalados em um terreno de 5 mil metros quadrados, na frente do ginásio do Ibirapuera – detalhe: um dos tobogãs chamava “Playcenter”. Marcelo procurou Ricardo Amaral, responsável pela atração, e fechou uma parceria, para colocar ali seus brinquedos italianos, como montanha russa, carrossel e autopista. O teste de Marcelo foi um sucesso tremendo, e o parque chegou a ficar aberto por 24 horas seguidas!
Marcelo então negociou com Amaral o nome do tobogã e adotou para seu parque. Ele e seu sócio Henrique buscavam um espaço perfeito para o parque quando surgiu uma oferta de um terreno muito grande na marginal Tietê. O valor para compra era alto, então Marcelo decidiu alugar o terreno, e em 27 de julho de 1973 o Playcenter foi inaugurado.
Nesse mesmo ano ele criou uma edição itinerante do parque, que circulava em outras cidades para divulgar o Playcenter em SP e dar um gostinho da experiência. Essa versão móvel fazia sucesso com atrações como a Galeria Bonanza (a de tiro., lembra?) e o Trenó Aquático.
Os primeiros visitantes puderam brincar em atrações como o Super Jet (a montanha russa italiana emprestada!), o Trem Fantasma (esse era alemão), o clássico Carrossel, o Twister, o Rotor (inveja de quem foi!) a Maria Fumaça, a Galeria Bonanza, o Telecombate, a Casa do Monstro, o Tufão, o Concorde e a Auto-Pista, além de tenda com lojinhas, lanchonetes, fliperamas, pescaria e jogos diversos.
E vieram muitas outras atrações… vamos relembrar de algumas?
Enfim, foram muuuitas atrações, sem contar os eventos e festivais, como as noites do Terror, o Play Summer, o Noites Eletrônicas e dezenas de parques itinerantes. Mas a especulação imobiliária (lembram que o terreno foi alugado?), os altos e baixos da economia brasileira e principalmente a alta do dólar (os brinquedos e suas peças são todos importados e, por isso, o custo é em dólar) inviabilizaram o negócio e assim o Playcenter encerrou seu ciclo após 39 anos que fizeram história em São Paulo.
E claro, quando falamos em Playcenter, todo mundo quer saber: ele vai voltar? Se depender da torcida, sem dúvidas! Em uma entrevista que fiz com o fundador do parque, Marcelo Gutglas, ele declarou que vontade não falta, mas a conjuntura precisa ser favorável economicamente, globalmente, tecnicamente e é preciso encontrar um local – por isso provavelmente não seja na capital. Então, não vamos perder a esperança!
Mas a verdade é que o meu Playcenter, aquele no qual eu saí pingando do Splash, derrubei meu lanche do teleférico (quem nunca?), cantei “porquê parou, parou porquê” no La Bamba com a turma da escola dezenas de vezes (hino!), ou gritei para o monitor botar pra subir o Viking porque aquela galera não tinha medo de cair, fui campeã da galera por ir três vezes seguidas no Evolution sem vomitar ou festejei quando choveu no final do dia e eu ganhei replay, ah… esse Playcenter nunca fechou. Ele vai estar aberto pra sempre, nas minhas memórias e nas de cada um que brincou por lá.
Por Priscilla Negrão, guia de turismo, jornalista, editora-chefe do SP Crianças, mãe do Theo e da Alice e há mais de 30 anos completamente apaixonada por parques de diversão
Ps: dá para matar um pouco da saudade no Playcenter Family, você já conhece?? Eu e meu filho amamos o Diskô! Saiba mais sobre o parque aqui!
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 10/06/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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