Fotos: Reprodução / Divulgação

Alessandro Silveira

Criado em 14/05/21

Benefícios do parto normal e da amamentação para a saúde de recém-nascidos

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As bactérias do intestino são de suma importância para a manutenção da saúde humana; criam uma barreira protetora no órgão, impedindo que toxinas e agentes patológicos promovam a disbiose, também chamada de desequilíbrio da microbiota intestinal. Esta leva a desordens crônicas e lentas – não impactam o indivíduo de um dia para o outro, mas paulatinamente geram inflamações no organismo, ocasionando doenças metabólicas, como obesidade, gordura no fígado, diabetes etc.

Diversos fatores devem ser levados em conta para evitar a disbiose, entre os quais, o tipo de parto e a amamentação. É por intermédio do parto normal e da amamentação que o recém-nascido é colonizado por suas primeiras bactérias, que serão extremamente importantes para o seu desenvolvimento pleno e saudável.

Parto normal versus parto cesárea

A colonização do parto normal ocorre quando a pele do bebê entra em contato com a mucosa do canal vaginal da mãe. Algumas crianças, inclusive, durante o processo, acabam ingerindo as bactérias, que migram para o intestino. Esse momento é fundamental para a imunidade inata do nascimento, pois é desse modo que os anticorpos da mãe, atravessando a barreira da placenta, são transmitidos ao bebê. Quando uma criança nasce, seu sistema imune é muito imaturo, necessitando desses anticorpos maternos para auxiliar na defesa contra microrganismos. Como exemplo de bactérias benéficas à saúde do recém-nascido presentes no canal vaginal destaca-se os lactobacilos. Estas bactérias auxiliam a prevenir o desenvolvimento de doenças do trato respiratório e alergias.

Por seu lado, o parto cesárea é causador de muitos efeitos negativos para o recém-nascido e seu desenvolvimento. A nocividade desse tipo de parto está relacionada principalmente com o local do nascimento, que na maioria das vezes é o hospital. No parto cesárea, além de não entrar em contato com os anticorpos do canal vaginal da mãe, o bebê é colonizado por bactérias patogênicas existentes no ambiente hospitalar, tais como Staphylococcus, Klebsiella e Clostridium, que estão intimamente ligadas ao desenvolvimento de infecções e processos alérgicos. Ao contrário, quando o nascimento é domiciliar – o que tem mais chances de acontecer no parto normal – o recém-nascido é colonizado por bactérias de um ambiente mais favorável à saúde do bebê.

É relevante disseminar esse tipo de informação, já que muitas mães ainda acreditam que os benefícios do parto não podem ser mensurados. A falta de conhecimento unida à pressão de alguns médicos em favor do procedimento cirúrgico, faz com que o Brasil seja um dos países com maior número de cesáreas no mundo. Conforme o Ministério da Saúde, em 2016, cerca de 55% dos nascimentos foram realizados por meio desse tipo de parto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que esses índices não ultrapassem 15%.

Apesar de seu potencial negativo, o parto cesárea é recomendado em muitas situações. Nos casos em que haja indicação específica ou necessidade real, a intervenção cirúrgica pode ser a única opção para salvar vidas, tanto a da mãe quanto a do recém-nascido. Nestas circunstâncias, uma maneira de fazer com que o bebê seja contemplado com os benefícios de um parto normal é o batismo bacteriano, que é protocolar em alguns hospitais. O procedimento consiste em passar gazes estéreis na região genital da mãe para colher secreções repletas de bactérias, repassadas no corpo, rosto, boca e pele do bebê. Evidentemente não é a mesma experiência que o parto normal, e nem tem o mesmo efeito, mas como cerca de 30% do perfil intestinal de uma pessoa é relacionado ao seu nascimento, trata-se de momento que não pode ser ignorado.

Amamentação

Um dos papéis fundamentais da colonização de bactérias via trato vaginal é preparar o intestino do bebê para receber seus primeiros nutrientes através da amamentação. Assim como o parto normal, a amamentação tem grande relevância para a saúde do indivíduo, em razão das bactérias que são transmitidas pelo leite materno. Uma das espécies bacterianas presentes no leite que podem ser destacadas no fortalecimento do organismo da criança são as bifidobactérias, cujo potencial de reduzir o risco de desordens autoimunes é muito grande.

O hormônio responsável pela produção do leite materno é a ocitocina. Contudo, quando o bebê nasce de parto cesárea, a mãe deixa de ser inundada por esta substância, o que pode acarretar dificuldade na amamentação. Neste cenário, muitas mães recorrem a fórmulas artificiais, o que tende a gerar consequências catastróficas ao desenvolvimento do filho. A criança que não amamenta pode se tornar obesa, com processos inflamatórios, infecções recorrentes, ter uma infinidade de problemas respiratórios que vem acompanhados com alergias e necessitar do uso de medicamentos.

Para mães que já tentaram diversos procedimentos e não conseguem amamentar existe o banco de leite. É uma alternativa melhor do que o leite artificial, pois este prejudica bastante o intestino devido a seus açúcares e a sua constituição artificial.  Mulheres que têm uma boa produção de leite podem e devem doar para bancos de leite. É simples e pode salvar vidas de muitas crianças.

A falta de conhecimento em relação aos benefícios da amamentação faz com que muitos pais introduzam alimentos aos filhos antes dos seis meses de vida. Um bebê alimentado precocemente tem a sua microbiota afetada, consequentemente a sua imunidade enfraquece e a suscetibilidade a infecções e alergias se torna maior.  O leite materno é o responsável por preparar o ambiente do intestino (via anticorpos e bactérias) para receber alimentos externos.

A amamentação e o parto normal são uma espécie de combo da saúde da criança. Cada vez mais estudos têm mostrado a relevância dos primeiros mil dias de vida de uma pessoa na formação de sua microbiota, sendo que os efeitos positivos tanto do parto normal quanto da amamentação reverberam para a vida inteira do indivíduo. Não estamos falando apenas da saúde de um recém-nascido, mas de um impacto que será sentido durante toda a vida.

Sobre Alessandro Silveira:

Graduado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Ciência Médicas pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e pós-doutor em Análises Clínicas, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Sobre Alessandro Silveira:

Graduado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Ciência Médicas pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e pós-doutor em Análises Clínicas, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 14/05/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos

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