Por Priscilla Negrão
Criado em 04/03/21
Fotos: Reprodução / Divulgação
Quais são as profissões com maior risco de contaminação pelo Covid-19 – e que deveriam ser prioritárias na fila de vacinação? Pesquisadores da Coppe, órgão de pós graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mapearam o índice de risco de contaminação dos trabalhadores brasileiros pelo Coronavírus, de acordo com suas atividades profissionais.
De acordo com o estudo, 2,6 milhões de profissionais da área de Saúde apresentam os maiores riscos de contágio, com índices muito acima de 80%. Dentre eles, os mais vulneráveis são os técnicos em saúde bucal, um total de 12.461 profissionais, com 100% de risco de contágio, em função do ambiente e da proximidade física com os pacientes.
Os professores também estão no grupo de profissionais mais afetados, com índice de risco acima de 70% no caso de aulas presenciais – lembrando que o estudo foi feito ano passado, em 2020, quando as escolas estavam fechadas.
Vendedores varejistas, operadores de caixas, entre outros profissionais do comércio que, juntos, somam cerca de 5 milhões de trabalhadores no país, apresentam, em média, 53% de risco de serem infectados pelo Covid-19.
O estudo foi liderado pelo pesquisador Yuri Lima, do Laboratório do Futuro da Coppe, que é coordenado pelo professor Jano Moreira de Souza. O mapeamento contempla 2.539 ocupações e abrange todo o País e é dividido em 13 grupos ocupacionais, de profissionais da agropecuária e pesca aos do setor de transportes.
Esse último, segundo o estudo, concentra uma grande quantidade de profissionais com risco de infecção, a exemplo dos 350 mil motoristas de ônibus urbanos e rodoviários, cujo índice de risco é superiora 70%. Veja aqui o mapeamento na íntegra.
Os trabalhadores menos vulneráveis são os que exercem suas atividades de forma quase solitária, com destaque para os 14.215 operadores de motosserra, cuja maioria trabalha nas áreas rurais e apresenta risco de 18%. Outros menos prováveis de serem infectados, com média de 19%, são roteiristas, escritores, poetas, e outros que fazem parte de um grupo que realiza trabalho voltado para o setor artístico e intelectual.
Segundo Yuri, esse é um momento importante de reflexão sobre o trabalho por parte do governo, das empresas e de quem realiza estudos sobre a área. “Quando a epidemia do Coronavírus passar e a atividade econômica voltar ao normal, nem todos os profissionais que atuam no setor varejista ou similar continuarão empregados, apesar dos acordos que o governo está fazendo com os empresários”, estima.
De acordo com o pesquisador da Coppe, o impacto do Coronavírus vai mudar a dinâmica do mercado. “A tendência é que haja uma modificação nos modelos de negócios das empresas. Os empresários já devem estar avaliando como gerar receita sem depender de aglomerações em seus estabelecimentos, seja no comércio ou na indústria. Haverá menor quantidade de funcionários presentes fisicamente.
O que está acontecendo no momento poderá antecipar para os próximos anos a substituição dos seres humanos por robôs, pela automação, na execução de tarefas, como relatamos no relatório “O Futuro do Emprego do Brasil” analisa Yuri, acrescentando que o governo brasileiro deveria, com urgência, investir mais em capacitação técnica para os profissionais que atuam nesses setores em transformação pela indústria 4.0, como o do varejo.
Metodologia adotada no estudo
Yuri explica que aplicou no estudo a mesma metodologia usada pelo New York Times, nos EUA, baseada no O’NET (base de dados sobre emprego, mantida pelo U.S. Department of Labor – o Departamento do Trabalho americano), adaptando-a aos dados disponibilizados pelo governo brasileiro.
Para avaliar o risco causado pelo Coronavírus, os especialistas utilizaram três variáveis da O*NET sobre o contexto de trabalho das ocupações, com foco nas consequências do Coronavírus. “Fiz uma adequação à realidade brasileira, usando como base a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho, e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia”, detalha Yuri, que também é sócio da Labore, uma empresa nativa da Coppe. Fundada no final de 2019 por pesquisadores do próprio Laboratório do Futuro, a Labore vem atuando em parceria com o laboratório da Coppe nos estudos e mapeamentos voltados para o mercado de trabalho e o futuro do emprego.
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 04/03/21. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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