Da Redação
Criado em 18/06/20
Fotos: Reprodução / Divulgação
Uma das grandes incertezas da pandemia está relacionada com o retorno das aulas presenciais. A princípio, esperava-se que a volta às aulas acontecesse em julho, com a implementação de um rodízio de alunos, para que garantir o distanciamento entre os estudantes em sala de aula e começando pela educação infantil (de 0 a 5 anos), priorizando filhos de pais que trabalham fora, e depois retomando as aulas dos alunos do ensino fundamental e médio.
O governador João Doria informou que a Secretaria Estadual de Educação deve anunciar no dia 24 de junho, próxima quarta-feira, o calendário de retorno das atividades escolares presenciais no estado. Porém o governador adiantou que o retorno às atividade presenciais em São Paulo não será breve. Só deve ser previsto na última etapa do Plano São Paulo de flexibilização da quarentena.
Segundo Doria, o secretario da educação Rossieli Soares anunciará quando as aulas poderão voltar, em que nível [se referindo às cores do Plano SP], em que momento e com quais protocolos. Garantiu que o retorno será feito de uma forma muito cuidados, visto que em todo mundo, a última etapa foi a etapa do ensino, porque o risco é maior de contágio.
No meio da incerteza de retorno das aulas, em todo país há um movimento da rede privada para o retorno. Escolas particulares não são obrigadas a seguir a mesma regra das escolas estaduais, mas é uma recomendação da Seduc-SP que considerem esse mesmo cronograma.
Em crise financeira com a queda de arrecadação de tributos, estados e municípios temem não ter dinheiro para as adequações e compras necessárias para a volta às aulas com segurança na rede pública. Os sindicatos de professores já informaram que farão greve se forem forçados a voltar a trabalhar presencialmente sem um protocolo adequado de higiene e distanciamento.
Nas particulares, o protocolo de retomada está pronto desde maio. São mais de sessenta medidas como disponibilizar água, sabão e álcool gel aos alunos e professores, suspender atividades coletivas, medir a temperatura de todos que forem entrar na escola, e reduzir número de alunos nas salas de aula.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Ademar Pereira, presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), explica que a escola pública já tem diversos problemas, uma série de questões que foram acumuladas ao longo dos anos. “Não podemos ser colocados na mesma situação e esperar que elas tenham condições para nós possamos reabrir”, disse.
Pereira disse que a flexibilização da quarentena pressiona as escolas para a reabertura, especialmente para as famílias que precisam retornar ato trabalho e não tem com quem deixar os filhos. Segundo ele, as escolas privadas por terem menos alunos e mais dinheiro, já fizeram a compra de equipamentos de proteção individual (EPIs), têm mais espaço para o distanciamento dos alunos e enfrentariam menos resistência dos professores para o retorno às aulas.
Especialistas alertam que a pressão das escolas particulares é precipitada, além do risco à saúde pode agravar as desigualdades educacionais. Maria Carmem Barbosa, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alerta que é uma proposta em reação à liberação econômica e não à garantia de segurança e ensino das crianças. Segundo Maria, se as autoridades de saúde defendem que ainda não é possível voltar às aulas, isso deve valer para todos.
A especialista ainda destacou que regras e cuidados que deverão ser tomados por causa da pandemia de coronavírus, alteram a rotina escolar das crianças de educação infantil, podendo ser prejudicial. “O que ela deveria fazer na escola, que é brincar e socializar com os colegas, ela não vai poder fazer. Precisamos pensar no impacto que essas restrições podem ter no desenvolvimento dos alunos”, explicou.
Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacou a desvantagem para os alunos de escolas públicas, especialmente os do último ano do ensino médio. “O estudante da escola particular volta antes para sua rotina normal, se prepara melhor para o vestibular. É mais uma crueldade que [o aluno da rede pública] sofre porque sua escola é mais pobre e têm menos dinheiro”, declarou.
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Atenção: Todas as informações são de responsabilidade dos organizadores do evento e estão sujeitas a modificações sem prévio aviso. As informações foram checadas pela equipe de reportagem do São Paulo para Crianças em 18/06/20. Antes de sair de casa, confirme os dados com o destino, para evitar imprevistos
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